quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Conferência Fernão Mendes Pinto


No âmbito do Ciclo de CONFERÊNCIAS DO MONTE DA LUA, a VITRIOL Associação realizou a 19.ª Conferência com o tema - FERNÃO MENDES PINTO: PEREGRINANDO no LABIRINTO do ORIENTE, por ANTÓNIO M. FERRO.

Antecipando o 4.º Centenário da publicação de Peregrinação, que ocorre no próximo ano, ensaia-se nesta comunicação uma leitura desse texto fundamental da Cultura, da Literatura e da Língua Portuguesa, tendo como novelo de Ariana e bússola os conceitos de mito e desmitificação, biografismo e autobiografismo, Portugal e os portugueses, História e Utopia, verdade e fantasia, viagem e milagrismo, e outros vários rumos e navegações, ora “pelo rio abaixo” ora “pelo rio acima”. 

Autor: António M. Ferro
Mestre em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Doutor em Linguística Românica pela Universidade de Bucareste.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Peregrinando II

Saudades da minha gueixa
Como sal dissolvo-me na memória de ti
antiquíssimo alimento de minha alma perdida
e sorvo avidamente a minha cicuta diária
na inquietude longa e dura e vária
que a tua ausência traz ao meu desfazer-se
dia a dia e navegar
Meu pão nosso de cada dia
e minha querida navegação antiga
em tua ausência vou amiga e Circe
pelo rio acima

e pelo rio abaixo

Autor: António M. Ferro

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Peregrinando - I

Peregrinando paciente impaciente
o pobre de mim! Em minha vela vou
por este rio acima
por este rio abaixo
As vezes mísero às vezes nobre
Ora valente ora covarde enorme ingente
As vezes grande às vezes baixo
Quem sou se faz deste indo e navegar
assim tão incerto e tão contrário
Às vezes blasfémias ás vezes orações
Entre naufrágios e milagres
bombardas golpes tempestades
feridas e monções
por este rio acima
por este rio abaixo vou
 

E rumando tesouros e feridas e ilusões
que quão incertas são as cousas da China! 

Sou imprevisto e vário
e ladrão embaixador avaro soldado
mercador falsário cruel bondoso ruim
generoso escravo mísero mas corsário
de mim sempre. Que escrevo?
Mas cossairo de mim sempre!

Autor: António M. Ferro