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Elos de progresso científico e social: contributo para a História das Mulheres cientistas em Portugal
Advento
A partir de Oitocentos assistiu-se a um acesso cada vez mais generalizado à leitura que paulatinamente atingiu o universo feminino. Não estranharemos, portanto, a imersão num banho cultural mais propício à vontade de as mulheres passarem da leitura à escrita, tornando-se tradutoras selectivas e exímias autoras, pois já leitoras atentas. Subliminarmente, terá sido o desejo de ultrapassar fronteiras, até ali intransponíveis, a movê-las. E estas questões prendem-se com as do poder, como algumas autoras deixam saber.
A entrada da mulher com presença assídua na imprensa diária permitiu uma divulgação mais direccionada para um público-alvo, diferenciado daquele que marcava presença nas colunas de periódicos especificamente femininos. O que se entende, até pela natureza dos mesmos, pois tinham um público restrito bem identificado: eram publicações dirigidas por mulheres para serem lidas por mulheres. Que mulheres eram as que escreviam, na imprensa, para além dos nomes que são sobremaneira conhecidos? Eram mulheres letradas, nascidas no seio da alta e da média burguesias, ou que a elas ascendiam pela educação e/ou casamento. Com a pena colocavam as mãos na massa, ou seja, na escrita[1], manuscrita como no caso do “Jornal das Creanças”, em 1909, corporizado pelo trabalho de Alda Guerreiro (1878-1943) no litoral alentejano (Santiago do Cacém), ou impressa, como no caso da colecção “Para as Crianças”, dirigida por Ana de Castro Osório (1872-1935), em Setúbal, onde, a partir de 1897 se publicaram os primeiros livros infantis.
Na “rota das letras” sabemos que o primeiro periódico feminino foi O Correio das Modas, criado em Lisboa em 1807, como nos deu a conhecer Ivone Leal[2]. Cerca de três décadas depois, O Correio das Damas: Jornal literário e de modas, fundado em 1836, como se pode ler no editorial, reclamava pretender colmatar a inexistência de um periódico feminino. Dispomos ainda de informação respeitante ao primeiro jornal fundado e dirigido por uma mulher, a Assembleia Litteraria, registando a esse respeito Ivone Leal: “Daí por diante nunca mais deixamos de encontrar nomes femininos a subscrever artigos ou mesmo no cabeçalho das publicações”[3]. Em 1849, Antónia Gertrudes Pusich fundou a Assembleia Litteraria. Jornal d’Instrução[4] não podendo deixar de se realçar a ligação da mulher à causa da educação. É conhecida a primeira obra de autoria feminina, Espelho de Cristina[5] - escrita no século XV por Cristina de Pisan e publicada em Lisboa no ano de 1518 -, como nos dá conta o exaustivo trabalho de levantamento bibliográfico realizado por Regina Tavares da Silva[6], outra inegável pioneira dos estudos sobre as mulheres em Portugal. Elina Guimarães[7], notável entre as notáveis, não esquece a Carta apologética em favor e defesa das mulheres, publicada por Gertrudes Margarida de Jesus entre nós em 1761. Por seu turno, queremos lembrar Maria Antónia Fiadeiro, uma das primeiras jornalistas portuguesas a catapultar os estudos sobre as mulheres para as páginas da imprensa generalista contemporânea[8]. Todavia, continuam ainda por decifrar questões, tais como: quem foi a primeira mulher a publicar um texto na imprensa, tout court? Qual foi o primeiro texto assinado por uma mulher a ocupar espaço num jornal generalista ou regional?
O estudo destas fontes permitirá, estamos em crer, desfazer o enigma, tantas vezes dissimulado por ideias estereotipadas, do modo de estar no mundo de todo um grupo biosocial[9]. As suas reivindicações e expectativas aí se manifestam, alinhando com os homens que lhes dão honras de primeira página e com quem querem ombrear. Abraçando a ideia nova e fazendo notícia
Vamos, assim, encontrá-las num desdobramento contínuo procurando incessantemente ganhar terreno e afirmação. Qualquer destas mulheres, que se expressam nas colunas dos periódicos, estava imbuída de formação liberal de raiz iluminista, revelando o seu humanismo nos valores que propunham, antepondo-os aos de outrora que as ostracizara. Denotam uma consciência cívica carregada de sentido pela coisa pública, responsabilizando-se pelo erigir de uma nova sociedade donde se metamorfoseiam, exibindo as mais variadas faces de uma Eva eclética, letrada e culta. Movidas pelo ideal do bem comum, prenhe de significações – deixando-se alcançar pela força da corrente transformadora, corporizada na imagem que durante a República delas se faz –, rompem os grilhões que as acorrentaram à escravatura.
A dignidade social que as mulheres alcançam, após séculos de submissão, projecta-as num devir do qual são agora participantes. Esta premente dinâmica leva-as a verem na associação, a força e assim abraçam inúmeras organizações. Desse associativismo nasce a certeza e a necessidade de levar mais longe a mensagem em que acreditam. Fundam publicações periódicas específicas que são, a um só tempo, aliadas e instrumento da sua acção militante. Separatas dos artigos das revistas e panfletos, alguns dos quais distribuídos gratuitamente, concorriam para que a disseminação da mensagem proclamada pelas escritoras, redactoras e/ou militantes se propagasse, como era seu desejo.
Uma análise sistemática e objectiva no sentido de identificar a presença feminina no “espaço do município” impõe-se, uma vez que os municípios têm uma importância fulcral, denunciando e evidenciando a desejada descentralização de cariz republicano. Espelhando este desiderato, assistimos ao surgir de núcleos regionais afectos aos grupos em que militavam, e que haviam sido fundados na capital. A expressão “sócia correspondente” dá conta da visibilidade regional, mais ou menos significativa, destes núcleos. Este percurso que temos vindo a trilhar, procurando ir ao encontro das mulheres, permite descodificar a razão de muitos dos textos assinados por grandes vultos femininos da época se encontrarem dispersos por periódicos de diferentes regiões e aparentemente sem grande ligação. Apesar de assistirmos, paralelamente, a uma movimentação no sentido do meio rural para as grandes urbes. Desta circunstância advém o “regresso à terra” em momentos particulares. Morte de familiares, uniões e ocasiões de festividades comunitárias. De todo o modo, os laços afectivos procuravam manter-se pelo contacto, mais próximo ou mais longínquo, consoante as razões que teriam determinado o afastamento do lugar/concelho de onde saíram. A correspondência, em muitos casos, tornava menos duro o afastamento, mas a assinatura do jornal local era seguramente uma prática comum entre aqueles/aquelas que viviam longe. Do mesmo modo que as epístolas permitiam, pela sua natureza, manter mais perto os que estavam mais afastados, assim também a leitura das notícias dos periódicos locais tornava presente à memória os que se haviam afastado e, em muitos casos, atenuavam a saudade.
Daí que a exigência em fixar o retrato fiel e próximo da presença feminina na imprensa não se possa confinar a este ângulo, ainda que o deva contemplar. É necessário identificar o local de nascimento, ou de residência, de algumas das feministas de proa na primeira vaga. Invariavelmente, elas têm proveniências tão diversas, quase permitindo traçar o quadro das regiões em Portugal, se o mapeássemos. Não é pois possível associar a acção das feministas exclusivamente às grandes cidades - Lisboa, Porto e Coimbra.
Lembrar a iniciação maçónica destas mulheres conduz-nos a outros factos, remetendo-nos para 1906. Associado ao espírito da Obediência está a difusão do Ideal subscrito, fundando assim Lojas ou, em caso de não ser possível fazê-lo, começando por criar Triângulos que se afiguravam como a alternativa viável para assegurar a disseminação da maçonaria pelo país. Fazer germinar pequenos núcleos, fora das grandes localidades, era a alternativa para a iniciação maçónica de muitas mulheres. Não é possível traçar a “preponderância do feminino” sem auscultar as regiões a que estão ligadas, especificamente os periódicos dessas mesmas localidades, a que se prendem, por nascimento ou por residência. Note-se, a título de exemplo, a identificação imediata que é feita de Beatriz Pinheiro a Viseu, ou da escritora e feminista Ana de Castro Osório à cidade de Setúbal. A obra de qualquer delas sobressai no panorama do periodismo português. E, se já em 1808, A Borboleta se afirmava como o “Hebdomadario de literatura dedicado às damas bracarenses” e em 1885 o Bouquet litterario era “offerecido às senhoras portuenses”, colaborando neste último Maria Amália Vaz de Carvalho, Alice Moderno e Albertina Paraíso, o século XX permitirá ver surgir uma multiplicidade de jornais locais dando, consequentemente, maior projecção às escritoras, suas causas, gostos e interesses.
A participação feminina na imprensa não deixa descurar outras acções determinantes para a afirmação da mulher no espaço público. Assim, vamos encontrá-las enquanto congressistas, usando a palavra, discursando e registando posições que defendem. O envolvimento nas edilidades é, como procuraremos mostrar, encarado como premente pelas mulheres, recorrendo elas também ao seu efeito potenciador e exponencial de verdadeiro megafone, visando alcançar um maior número de adeptas (os) para as suas propostas fazendo-se ouvir. Expressão tanto mais adequada quanto é proferida por Ana de Castro Osório, no texto “Avante pelo Feminismo” no ano em que é proclamada a República:
Não nos ouviram ainda? Pois bem, falaremos mais alto, arranjemos quem secunde a nossa propaganda, seremos para o futuro, não uma nem duas com a pena na mão, mas centenas de irmãs caminhando no mesmo sentido, com os olhos fitos no mesmo ideal de igualdade e de justiça.[10]
O ideal humanista alimentava grupos sociais e políticos distintos capazes de encontrar uma nova configuração de mulher um denominador capaz de os unir. E é justamente nesse sentido que vemos surgir, então, um paradigma de mulher gerador de múltiplas facetas do feminino e que vai dar origem ao delinear de perfis com uma intenção modeladora, veiculada pela imprensa. Estes perfis, por sua vez, seriam capazes de promover as boas práticas tidas como desejáveis à harmonia familiar. Não será de excluir a ideia subjacente e matricial de que a primeira célula social era a família. Estas palavras eram também partilhadas por Adelaide Cabete, reconhecendo na educação da mulher uma mais-valia para a harmonia do casal e para o bem-estar dos filhos, o que consagrou no seu texto “Instrua-se a mulher”[11], imbuído de um espírito anti-jesuítico.
Entendemos esta forma de publicitar os perfis, quer de mulheres quer de casais, como correspondendo a uma estratégia deliberada de reconhecimento de modelos alternativos emergentes a serem abraçados pelos (as) opositores(as) da condenável estagnação vigente e defensores(as) do desejável progresso social. Esta assunção permite validar vivências, até aí tidas como marginais. Aliás, da leitura dos estatutos da Associação do Livre-Pensamento decorre a recomendação aos seus membros do dever de colocar em prática os princípios a que se vinculavam e, por conseguinte, afastarem-se das práticas ligadas a credos. Nesse sentido, corresponderá também a uma estratégia no âmago do movimento republicano, assumidamente anti-clerical, a dignificação e o credibilizar a mulher de estatuto inferior, que há muito havia sido forçada a procurar trabalho fora de casa e, não raras vezes, assumindo tarefas, lado a lado com os homens. Registe-se o costume generalizado entre a classe operária e nos meios rurais, de se “amancebarem”. A própria expressão utilizada para designar os que se juntavam sem se casarem comporta um sentido pejorativo, até hoje reconhecível. Distinguir pois, a mulher operária, a mulher trabalhadora, da prostituta, ou não permitir essa imediata e pervertida associação, tantas vezes estabelecida, foi campo de batalha fértil, tendo granjeado para as hostes republicanas inúmeras (os) apoiantes, para além de ter, naturalmente feito justiça. As mulheres que se viram retratadas na sua dignidade laboral, aos mais diversos níveis, sentiram reforçada a sua pretensão de alcançar outro patamar de (re) qualificação. Também, neste sentido, foi o republicanismo a alavanca de modo a captar e viabilizar mudança de mentalidades: a mulher trabalhadora capaz de ser mãe extremosa e dedicada. Assim também acontece ao promover aos olhos do público, leia-se leitor, casais unidos na militância, pares de causas comuns.
As mulheres mais preparadas compreendem a necessidade de “ocupar” espaço na imprensa diária, e não só nos órgãos das organizações em que começam a movimentar-se. É legítimo acreditar que 1907 assinala um marco determinante para um grupo significativo destas mulheres, mais capacitadas.
As páginas dos jornais deram-lhes visibilidade, fixando o olhar que sobre elas recaía, tal como as viam nomes sonantes das letras e cultura portuguesas, tantas vezes assumindo uma dupla valência, ao apreciar pares destacados como foram Carlos Lemos e Beatriz Pinheiro, directores da revista Ave Azul.
Doravante encontrá-las-emos como observadoras e relatoras dando conta das suas opiniões pela selecção de temas, assuntos e colorindo-os de diferentes matizes, desta feita na primeira pessoa. Salto fundamental permitindo às mulheres deixar a estatura de menoridade para passar à maioridade, pela autoria[12].
De onde compreendemos que o acesso das mulheres à instrução constituísse o degrau mais elementar para permitir que da palavra dita pudessem elas passar à palavra escrita. Paradoxo? Não. Antes conciliação visando a eficácia e efeito multiplicador da palavra. Nesta fase, ainda preambular do acesso do feminino ao domínio público, merece especial atenção o facto de as mulheres se prepararem criteriosamente, para serem oradoras, discursando, escrevendo e publicando, na conquista a pulso de um espaço vital, à estratégia de sobrevivência e de afirmação, para o qual não haviam sido preparadas. Conscientes da suma importância do papel que lhes cabia, a esse título vão integrar na imprensa republicana de então os seus discursos, actos, petições, em síntese, a agenda da sua actividade propagandista.
A Imprensa, amplificador da voz feminina, foi semente em terra fecunda e espelha a luta empenhada e sacrificada de tantas mulheres cujas causas mitigadas foram invariavelmente varridas da historiografia oficial. Resgatar documentos e figuras desse anonimato é tarefa hercúlea, mas obra exequível para um grupo empenhado no desvendar de factos, saber e conhecimento, convicto em trazer luz, à luz que ainda jaz em sombras pela névoa do desconhecimento nas fontes respeitantes ao lado feminino da história da imprensa em Portugal!
A partir de Oitocentos assistiu-se a um acesso cada vez mais generalizado à leitura que paulatinamente atingiu o universo feminino. Não estranharemos, portanto, a imersão num banho cultural mais propício à vontade de as mulheres passarem da leitura à escrita, tornando-se tradutoras selectivas e exímias autoras, pois já leitoras atentas. Subliminarmente, terá sido o desejo de ultrapassar fronteiras, até ali intransponíveis, a movê-las. E estas questões prendem-se com as do poder, como algumas autoras deixam saber.
A entrada da mulher com presença assídua na imprensa diária permitiu uma divulgação mais direccionada para um público-alvo, diferenciado daquele que marcava presença nas colunas de periódicos especificamente femininos. O que se entende, até pela natureza dos mesmos, pois tinham um público restrito bem identificado: eram publicações dirigidas por mulheres para serem lidas por mulheres. Que mulheres eram as que escreviam, na imprensa, para além dos nomes que são sobremaneira conhecidos? Eram mulheres letradas, nascidas no seio da alta e da média burguesias, ou que a elas ascendiam pela educação e/ou casamento. Com a pena colocavam as mãos na massa, ou seja, na escrita[1], manuscrita como no caso do “Jornal das Creanças”, em 1909, corporizado pelo trabalho de Alda Guerreiro (1878-1943) no litoral alentejano (Santiago do Cacém), ou impressa, como no caso da colecção “Para as Crianças”, dirigida por Ana de Castro Osório (1872-1935), em Setúbal, onde, a partir de 1897 se publicaram os primeiros livros infantis.
Na “rota das letras” sabemos que o primeiro periódico feminino foi O Correio das Modas, criado em Lisboa em 1807, como nos deu a conhecer Ivone Leal[2]. Cerca de três décadas depois, O Correio das Damas: Jornal literário e de modas, fundado em 1836, como se pode ler no editorial, reclamava pretender colmatar a inexistência de um periódico feminino. Dispomos ainda de informação respeitante ao primeiro jornal fundado e dirigido por uma mulher, a Assembleia Litteraria, registando a esse respeito Ivone Leal: “Daí por diante nunca mais deixamos de encontrar nomes femininos a subscrever artigos ou mesmo no cabeçalho das publicações”[3]. Em 1849, Antónia Gertrudes Pusich fundou a Assembleia Litteraria. Jornal d’Instrução[4] não podendo deixar de se realçar a ligação da mulher à causa da educação. É conhecida a primeira obra de autoria feminina, Espelho de Cristina[5] - escrita no século XV por Cristina de Pisan e publicada em Lisboa no ano de 1518 -, como nos dá conta o exaustivo trabalho de levantamento bibliográfico realizado por Regina Tavares da Silva[6], outra inegável pioneira dos estudos sobre as mulheres em Portugal. Elina Guimarães[7], notável entre as notáveis, não esquece a Carta apologética em favor e defesa das mulheres, publicada por Gertrudes Margarida de Jesus entre nós em 1761. Por seu turno, queremos lembrar Maria Antónia Fiadeiro, uma das primeiras jornalistas portuguesas a catapultar os estudos sobre as mulheres para as páginas da imprensa generalista contemporânea[8]. Todavia, continuam ainda por decifrar questões, tais como: quem foi a primeira mulher a publicar um texto na imprensa, tout court? Qual foi o primeiro texto assinado por uma mulher a ocupar espaço num jornal generalista ou regional?
O estudo destas fontes permitirá, estamos em crer, desfazer o enigma, tantas vezes dissimulado por ideias estereotipadas, do modo de estar no mundo de todo um grupo biosocial[9]. As suas reivindicações e expectativas aí se manifestam, alinhando com os homens que lhes dão honras de primeira página e com quem querem ombrear. Abraçando a ideia nova e fazendo notícia
Vamos, assim, encontrá-las num desdobramento contínuo procurando incessantemente ganhar terreno e afirmação. Qualquer destas mulheres, que se expressam nas colunas dos periódicos, estava imbuída de formação liberal de raiz iluminista, revelando o seu humanismo nos valores que propunham, antepondo-os aos de outrora que as ostracizara. Denotam uma consciência cívica carregada de sentido pela coisa pública, responsabilizando-se pelo erigir de uma nova sociedade donde se metamorfoseiam, exibindo as mais variadas faces de uma Eva eclética, letrada e culta. Movidas pelo ideal do bem comum, prenhe de significações – deixando-se alcançar pela força da corrente transformadora, corporizada na imagem que durante a República delas se faz –, rompem os grilhões que as acorrentaram à escravatura.
A dignidade social que as mulheres alcançam, após séculos de submissão, projecta-as num devir do qual são agora participantes. Esta premente dinâmica leva-as a verem na associação, a força e assim abraçam inúmeras organizações. Desse associativismo nasce a certeza e a necessidade de levar mais longe a mensagem em que acreditam. Fundam publicações periódicas específicas que são, a um só tempo, aliadas e instrumento da sua acção militante. Separatas dos artigos das revistas e panfletos, alguns dos quais distribuídos gratuitamente, concorriam para que a disseminação da mensagem proclamada pelas escritoras, redactoras e/ou militantes se propagasse, como era seu desejo.
Uma análise sistemática e objectiva no sentido de identificar a presença feminina no “espaço do município” impõe-se, uma vez que os municípios têm uma importância fulcral, denunciando e evidenciando a desejada descentralização de cariz republicano. Espelhando este desiderato, assistimos ao surgir de núcleos regionais afectos aos grupos em que militavam, e que haviam sido fundados na capital. A expressão “sócia correspondente” dá conta da visibilidade regional, mais ou menos significativa, destes núcleos. Este percurso que temos vindo a trilhar, procurando ir ao encontro das mulheres, permite descodificar a razão de muitos dos textos assinados por grandes vultos femininos da época se encontrarem dispersos por periódicos de diferentes regiões e aparentemente sem grande ligação. Apesar de assistirmos, paralelamente, a uma movimentação no sentido do meio rural para as grandes urbes. Desta circunstância advém o “regresso à terra” em momentos particulares. Morte de familiares, uniões e ocasiões de festividades comunitárias. De todo o modo, os laços afectivos procuravam manter-se pelo contacto, mais próximo ou mais longínquo, consoante as razões que teriam determinado o afastamento do lugar/concelho de onde saíram. A correspondência, em muitos casos, tornava menos duro o afastamento, mas a assinatura do jornal local era seguramente uma prática comum entre aqueles/aquelas que viviam longe. Do mesmo modo que as epístolas permitiam, pela sua natureza, manter mais perto os que estavam mais afastados, assim também a leitura das notícias dos periódicos locais tornava presente à memória os que se haviam afastado e, em muitos casos, atenuavam a saudade.
Daí que a exigência em fixar o retrato fiel e próximo da presença feminina na imprensa não se possa confinar a este ângulo, ainda que o deva contemplar. É necessário identificar o local de nascimento, ou de residência, de algumas das feministas de proa na primeira vaga. Invariavelmente, elas têm proveniências tão diversas, quase permitindo traçar o quadro das regiões em Portugal, se o mapeássemos. Não é pois possível associar a acção das feministas exclusivamente às grandes cidades - Lisboa, Porto e Coimbra.
Lembrar a iniciação maçónica destas mulheres conduz-nos a outros factos, remetendo-nos para 1906. Associado ao espírito da Obediência está a difusão do Ideal subscrito, fundando assim Lojas ou, em caso de não ser possível fazê-lo, começando por criar Triângulos que se afiguravam como a alternativa viável para assegurar a disseminação da maçonaria pelo país. Fazer germinar pequenos núcleos, fora das grandes localidades, era a alternativa para a iniciação maçónica de muitas mulheres. Não é possível traçar a “preponderância do feminino” sem auscultar as regiões a que estão ligadas, especificamente os periódicos dessas mesmas localidades, a que se prendem, por nascimento ou por residência. Note-se, a título de exemplo, a identificação imediata que é feita de Beatriz Pinheiro a Viseu, ou da escritora e feminista Ana de Castro Osório à cidade de Setúbal. A obra de qualquer delas sobressai no panorama do periodismo português. E, se já em 1808, A Borboleta se afirmava como o “Hebdomadario de literatura dedicado às damas bracarenses” e em 1885 o Bouquet litterario era “offerecido às senhoras portuenses”, colaborando neste último Maria Amália Vaz de Carvalho, Alice Moderno e Albertina Paraíso, o século XX permitirá ver surgir uma multiplicidade de jornais locais dando, consequentemente, maior projecção às escritoras, suas causas, gostos e interesses.
A participação feminina na imprensa não deixa descurar outras acções determinantes para a afirmação da mulher no espaço público. Assim, vamos encontrá-las enquanto congressistas, usando a palavra, discursando e registando posições que defendem. O envolvimento nas edilidades é, como procuraremos mostrar, encarado como premente pelas mulheres, recorrendo elas também ao seu efeito potenciador e exponencial de verdadeiro megafone, visando alcançar um maior número de adeptas (os) para as suas propostas fazendo-se ouvir. Expressão tanto mais adequada quanto é proferida por Ana de Castro Osório, no texto “Avante pelo Feminismo” no ano em que é proclamada a República:
Não nos ouviram ainda? Pois bem, falaremos mais alto, arranjemos quem secunde a nossa propaganda, seremos para o futuro, não uma nem duas com a pena na mão, mas centenas de irmãs caminhando no mesmo sentido, com os olhos fitos no mesmo ideal de igualdade e de justiça.[10]
O ideal humanista alimentava grupos sociais e políticos distintos capazes de encontrar uma nova configuração de mulher um denominador capaz de os unir. E é justamente nesse sentido que vemos surgir, então, um paradigma de mulher gerador de múltiplas facetas do feminino e que vai dar origem ao delinear de perfis com uma intenção modeladora, veiculada pela imprensa. Estes perfis, por sua vez, seriam capazes de promover as boas práticas tidas como desejáveis à harmonia familiar. Não será de excluir a ideia subjacente e matricial de que a primeira célula social era a família. Estas palavras eram também partilhadas por Adelaide Cabete, reconhecendo na educação da mulher uma mais-valia para a harmonia do casal e para o bem-estar dos filhos, o que consagrou no seu texto “Instrua-se a mulher”[11], imbuído de um espírito anti-jesuítico.
Entendemos esta forma de publicitar os perfis, quer de mulheres quer de casais, como correspondendo a uma estratégia deliberada de reconhecimento de modelos alternativos emergentes a serem abraçados pelos (as) opositores(as) da condenável estagnação vigente e defensores(as) do desejável progresso social. Esta assunção permite validar vivências, até aí tidas como marginais. Aliás, da leitura dos estatutos da Associação do Livre-Pensamento decorre a recomendação aos seus membros do dever de colocar em prática os princípios a que se vinculavam e, por conseguinte, afastarem-se das práticas ligadas a credos. Nesse sentido, corresponderá também a uma estratégia no âmago do movimento republicano, assumidamente anti-clerical, a dignificação e o credibilizar a mulher de estatuto inferior, que há muito havia sido forçada a procurar trabalho fora de casa e, não raras vezes, assumindo tarefas, lado a lado com os homens. Registe-se o costume generalizado entre a classe operária e nos meios rurais, de se “amancebarem”. A própria expressão utilizada para designar os que se juntavam sem se casarem comporta um sentido pejorativo, até hoje reconhecível. Distinguir pois, a mulher operária, a mulher trabalhadora, da prostituta, ou não permitir essa imediata e pervertida associação, tantas vezes estabelecida, foi campo de batalha fértil, tendo granjeado para as hostes republicanas inúmeras (os) apoiantes, para além de ter, naturalmente feito justiça. As mulheres que se viram retratadas na sua dignidade laboral, aos mais diversos níveis, sentiram reforçada a sua pretensão de alcançar outro patamar de (re) qualificação. Também, neste sentido, foi o republicanismo a alavanca de modo a captar e viabilizar mudança de mentalidades: a mulher trabalhadora capaz de ser mãe extremosa e dedicada. Assim também acontece ao promover aos olhos do público, leia-se leitor, casais unidos na militância, pares de causas comuns.
As mulheres mais preparadas compreendem a necessidade de “ocupar” espaço na imprensa diária, e não só nos órgãos das organizações em que começam a movimentar-se. É legítimo acreditar que 1907 assinala um marco determinante para um grupo significativo destas mulheres, mais capacitadas.
As páginas dos jornais deram-lhes visibilidade, fixando o olhar que sobre elas recaía, tal como as viam nomes sonantes das letras e cultura portuguesas, tantas vezes assumindo uma dupla valência, ao apreciar pares destacados como foram Carlos Lemos e Beatriz Pinheiro, directores da revista Ave Azul.
Doravante encontrá-las-emos como observadoras e relatoras dando conta das suas opiniões pela selecção de temas, assuntos e colorindo-os de diferentes matizes, desta feita na primeira pessoa. Salto fundamental permitindo às mulheres deixar a estatura de menoridade para passar à maioridade, pela autoria[12].
De onde compreendemos que o acesso das mulheres à instrução constituísse o degrau mais elementar para permitir que da palavra dita pudessem elas passar à palavra escrita. Paradoxo? Não. Antes conciliação visando a eficácia e efeito multiplicador da palavra. Nesta fase, ainda preambular do acesso do feminino ao domínio público, merece especial atenção o facto de as mulheres se prepararem criteriosamente, para serem oradoras, discursando, escrevendo e publicando, na conquista a pulso de um espaço vital, à estratégia de sobrevivência e de afirmação, para o qual não haviam sido preparadas. Conscientes da suma importância do papel que lhes cabia, a esse título vão integrar na imprensa republicana de então os seus discursos, actos, petições, em síntese, a agenda da sua actividade propagandista.
A Imprensa, amplificador da voz feminina, foi semente em terra fecunda e espelha a luta empenhada e sacrificada de tantas mulheres cujas causas mitigadas foram invariavelmente varridas da historiografia oficial. Resgatar documentos e figuras desse anonimato é tarefa hercúlea, mas obra exequível para um grupo empenhado no desvendar de factos, saber e conhecimento, convicto em trazer luz, à luz que ainda jaz em sombras pela névoa do desconhecimento nas fontes respeitantes ao lado feminino da história da imprensa em Portugal!
O sonho de Res publica
A conquista de espaço em rubricas assinadas por notáveis mulheres que se haviam distinguido nas Letras, Artes ou Ciências foi a incondicional batalha ganha: a saída da esfera doméstica para a esfera pública. A letra de imprensa clamando para a causa feminina/feminista capaz de ganhar terreno aos anti-feminismos, pois a guerra pela emancipação feminina pugnava pela justiça social, a favor da instrução, da capacitação, na luta aberta ao “esclavagismo sexista”.
Tomando como referência outro periódico, A República, publicação dirigida pelo médico Artur Leitão, notamos que a rubrica “A Tribuna Feminina” serve claramente o propósito de “amplificador” da voz feminina. Ao longo da sua existência, os perfis femininos nela esboçados, de entre os quais salientamos os das médicas Sofia Quintino e Adelaide Cabete, acompanham o retrato de “mulheres-modelo” proposto pelo ideário feminista, visando fazer vingar o livre-pensamento, corporizado pela primeira, e o socialismo republicano, consubstanciado na segunda. O valor social da mulher promovido no seio do periodismo republicano no sentido em que a posição que ocupam profissional e socialmente as médicas foi conquistada por mérito e trabalho e permite conjugar a um só tempo nuances das suas singularidades, expressas nas opções políticas por elas exibidas. E não será, porventura despiciendo lembrar que ambas abraçaram o projecto maçónico, e que Sofia Quintino viria a formar o primeiro grupo de enfermeiras para servirem a Cruzadas das Mulheres Portuguesas, cumprindo um desiderato senão maçónico, pelo menos para-maçónico, visando descristianizar a actividade ligada aos cuidados com enfermos.
Cumpre, então, sistematizando, identificar como conquistas a assunção da relevância da presença da escrita e intervenção das mulheres, quer ao nível nacional, quer regional, as quais foram percepcionadas, quiçá pela primeira vez, pelos (as) protagonistas da «Ideia Nova». Assim, no dealbar da República acentua-se o movimento ascendente qualitativa e quantitativamente de promoção e integração das mulheres, quer como publicistas quer como tema de notícia, no periodismo português. Releve-se a expressão mais significativa de pendor político, tão dada à instrumentalização de que as mulheres foram alvo, reflectida nas vezes em que subiram à primeira página dos jornais. Lembrando, as secções criadas pelos principais periódicos, e dirigidas por mulheres constata-se que os assuntos em destaque radicam na ideia de emancipação da condição feminina e, consequentemente, do reconhecimento da igualdade social da mulher.
Da existência de algumas espécies da imprensa feminina, literária e afins, tal como de muitas das actividades de organizações femininas/feministas ou de percursos profissionais pioneiros de mulheres, só se encontra rasto perscrutando num quadro mais vasto de análise, reportando-nos à imprensa local e nacional. Ainda assim, permitimo-nos concluir que tal como à mudança política não sucede imediatamente a alteração social, se bem que as mulheres tenham escrito no advento e durante a 1.ª República “agarrando mão de tudo”, também, correspondendo a uma estratégia deliberada e expressa por um vanguardista sonho de República, os textos das e sobre as mulheres não aumentaram em número e qualidade numa progressão regular, tendo-se ao invés quedado pela imaterialidade, nas mais das vezes, até à actualidade.
Concluindo
Tomando como referência outro periódico, A República, publicação dirigida pelo médico Artur Leitão, notamos que a rubrica “A Tribuna Feminina” serve claramente o propósito de “amplificador” da voz feminina. Ao longo da sua existência, os perfis femininos nela esboçados, de entre os quais salientamos os das médicas Sofia Quintino e Adelaide Cabete, acompanham o retrato de “mulheres-modelo” proposto pelo ideário feminista, visando fazer vingar o livre-pensamento, corporizado pela primeira, e o socialismo republicano, consubstanciado na segunda. O valor social da mulher promovido no seio do periodismo republicano no sentido em que a posição que ocupam profissional e socialmente as médicas foi conquistada por mérito e trabalho e permite conjugar a um só tempo nuances das suas singularidades, expressas nas opções políticas por elas exibidas. E não será, porventura despiciendo lembrar que ambas abraçaram o projecto maçónico, e que Sofia Quintino viria a formar o primeiro grupo de enfermeiras para servirem a Cruzadas das Mulheres Portuguesas, cumprindo um desiderato senão maçónico, pelo menos para-maçónico, visando descristianizar a actividade ligada aos cuidados com enfermos.
Cumpre, então, sistematizando, identificar como conquistas a assunção da relevância da presença da escrita e intervenção das mulheres, quer ao nível nacional, quer regional, as quais foram percepcionadas, quiçá pela primeira vez, pelos (as) protagonistas da «Ideia Nova». Assim, no dealbar da República acentua-se o movimento ascendente qualitativa e quantitativamente de promoção e integração das mulheres, quer como publicistas quer como tema de notícia, no periodismo português. Releve-se a expressão mais significativa de pendor político, tão dada à instrumentalização de que as mulheres foram alvo, reflectida nas vezes em que subiram à primeira página dos jornais. Lembrando, as secções criadas pelos principais periódicos, e dirigidas por mulheres constata-se que os assuntos em destaque radicam na ideia de emancipação da condição feminina e, consequentemente, do reconhecimento da igualdade social da mulher.
Da existência de algumas espécies da imprensa feminina, literária e afins, tal como de muitas das actividades de organizações femininas/feministas ou de percursos profissionais pioneiros de mulheres, só se encontra rasto perscrutando num quadro mais vasto de análise, reportando-nos à imprensa local e nacional. Ainda assim, permitimo-nos concluir que tal como à mudança política não sucede imediatamente a alteração social, se bem que as mulheres tenham escrito no advento e durante a 1.ª República “agarrando mão de tudo”, também, correspondendo a uma estratégia deliberada e expressa por um vanguardista sonho de República, os textos das e sobre as mulheres não aumentaram em número e qualidade numa progressão regular, tendo-se ao invés quedado pela imaterialidade, nas mais das vezes, até à actualidade.
Concluindo
Ao abrir as suas portas à presença feminina, as publicações granjearam-lhe uma janela de oportunidades, permitindo-lhe reapropriar-se do poder que advém de passar de leitora a construtora da notícia e fazedora de opinião. E, também, ao aceder à imprensa regionalista, a mulher assume contornos de liderança local, ganhando para ela protagonismo/reconhecimento social e trazendo para o debate público, assuntos do feminino. Porém, é assinalável na guerra como na paz, ser na imprensa que as mulheres passam de figurantes a protagonistas. A imprensa é, pois, a massa onde elas fazem levedar a propaganda em prol da militância feminina, resultando clara a afirmação de Ana de Castro Osório: « E se escolhemos esta forma de propaganda é porque ela nos parece mais duradoira, mais precisa e mais útil. Um livro, e mais ainda um folheto, é como a granada saída da bomba do canhão, que se estilhaça, no ar e ninguém ao certo saberá dizer o que irá fazer, as pessoas que irá ferir, ou as coisas que na sua inconsciência de força impulsionada irá despedaçar. Assim o livro vai: espalha ideias ao acaso, cai hoje nas mãos de um que o estima, amanhã nas de outro que o odeia, desperta uma consciência adormecida, leva a luz a uma alma que vivia na escuridão, é uma voz que nunca se pode calar, é um documento que está sempre pronto para a consulta.» [13]Lendo-a, é como se a ouvisse dizer: abro guerra contra as muralhas da ignorância, pela igualdade e pelo feminino.
Isabel Lousada
Ensaio em livre acesso no RUN Repositório da Universidade Nova
«Elos de progresso científico e social: contributo para a História das Mulheres cientistas em Portugal»
http://run.unl.pt/bitstream/10362/8389/2/Amonet-Isabel%20Lousada%20p65.pdf
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ebook acessivel em AMONET
http://www.amonet.pt/
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[1] Ideia
desenvolvida na intervenção que preparei em resposta ao convite da CNCCR para integrar o grupo que, em Évora, participava na tertúlia As mulheres e a República, realizada a
15 de Abril de 2010, com o título “Elas de mãos postas na massa e de olhos
fitos no horizonte”.
[2] Leal, Ivone
(1982). Op. Cit., p. 14. Veja-se,
ainda: Rodrigues, Ernesto (1998). “Jornalismo feminino”. In Mágico Folhetim, Literatura e Jornalismo em
Portugal. Lisboa, Editorial Notícias, pp. 160-169.
[3] Leal, Ivone
(1982). Op. Cit., p. 10.
[4] A publicação vai
estar activa até 1851.
[5] Designação pela
qual se tornou conhecido.
[6] Silva, Regina
Tavares (1999). A Mulher: bibliografia
portuguesa anotada. Monografias, 1518-1998. Lisboa, Cosmos.
[7] Guimarães, Elina
(1941). “Um precursor feminista”. Alma
Feminina, n.º 7, Lisboa, p. 1.
[8] Entre outros,
veja-se: Fiadeiro, Maria Antónia (2000). “As feministas portuguesas,
‘sobretudo’ jornalistas”. In Portugal
1900. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 51-73.
[9] Usando uma
expressão de Ivone Leal, Op. Cit., p.
10.
[10] A Capital, 8 de Dezembro de 1910, n.º
160, 1.º ano, p.1 (Bold nosso).
[11] O Elvense, 9 de Maio de 1901, p. 1,
publicado novamente em 20 de Outubro do mesmo ano.
[12] Veja-se a este
propósito o trabalho de Michelle Perrot, Françoise Thébaut ou, mais
recentemente, sobre a emergência da autoria feminina na literatura Anna
Klobucka.
[13] Osório, Ana de
Castro (1908). A Educação Cívica da
Mulher… , p.7.
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