No momento em que o Homem se junta à volta do Fogo, realizou-se a celebração numa comunhão de ideais com a participação: música Hugo Claro e Sofia Sousa Claro; poesia Maria Lurdes Nogueira, João David Zink, Olga Florência, José Paulo Sousa, Júlia Pires, António M. Ferro, Margarida Canto, João Camacho ... Saudando o RENASCIMENTO em todos Nós.
Esta Associação tem como desígnio a Viagem, enquanto ser individual e colectivo, na senda de um Homem Novo. Foi constituída a partir de um sonho: criar uma plataforma para o estudo, a divulgação da língua e do património para proporcionar a todos os Cidadãos o acesso à cultura Portuguesa e ao mundo da Lusofonia e, ser partilhada por um universo de pessoas que comungue dos mesmos princípios, no que respeita à valoração do conhecimento como factor de libertação do Homem.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Solstício de Inverno 2013 - Quinta da Regaleira - Sintra
No momento em que o Homem se junta à volta do Fogo, realizou-se a celebração numa comunhão de ideais com a participação: música Hugo Claro e Sofia Sousa Claro; poesia Maria Lurdes Nogueira, João David Zink, Olga Florência, José Paulo Sousa, Júlia Pires, António M. Ferro, Margarida Canto, João Camacho ... Saudando o RENASCIMENTO em todos Nós.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Celebração Solstício de Inverno 2013
Mais um Solstício de Inverno, em que viveremos a noite mais longa do ano. Como que num recolhimento uterino desejado, o Sol afastou-se do hemisfério norte. O Inverno é a época para semear.
No momento em que o Homem se junta à volta do Fogo, realizou-se a celebração numa comunhão de ideais com a participação: música Hugo Claro e Sofia Sousa Claro; poesia Maria Lurdes Nogueira, João David Zink, Olga Florência, José Paulo Sousa, Júlia Pires, António M. Ferro, Margarida Canto, João Camacho.
Saudamos o Solstício fecundo;
Saudamos a Luz;
Abrimos os nossos corações;
Levantamos as nossas mãos;
Sobe, chama, sobe!
Saudamos o Sol;
Saudamos a Vida;
Saudamos a Origem!
VITRIOL - ASSOCIAÇÃO DIVULGAÇÃO LÍNGUA CULTURA LUSÓFONA
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Invictus
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
por minha alma indomável
Sob as garras cruéis das circunstâncias
eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas continua erguida
Mais além deste lugar de lágrimas e ira,
Jazem os horrores da sombra.
Mas a ameaça dos anos,
Me encontra e me encontrará, sem medo.
Não importa quão estreito o portão
Quão repleta de castigo a sentença,
Eu sou o senhor de meu destino
Eu sou o capitão de minha alma.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Conferência e Roteiro: Os Painéis S. Vicente de Fora
Ciclo de Conferências do Monte da Lua: «Os Painéis de S. Vicente de Fora: a iconografia em questão»
Os «Painéis de S. Vicente de Fora» que hoje se encontram no Museu Nacional de Arte Antiga, ainda que não suscitem grandes divergências no que respeita a considerações de ordem estética, sendo consensual o fascínio que exercem, são, no entanto, o objecto da maior controvérsia na historiografia do património artístico português, aquela que já fez correr mais tinta e despertou maiores paixões, e que apesar disso, volvido mais de um século da sua redescoberta, se encontra longe de estar definitivamente solucionado.
Autor: João David Zink, historiador de arte
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
A calçada portuguesa
A calçada começou em Portugal de forma direrente da que hoje é, mais desordenada. São as cartas régias de 20 de Agosto de 1498 e de 8 de Maio de 1500, assinadas pelo rei D. Manuel I, que marcam o início do calcetamento das ruas de Lisboa, mais notavelmente o da Rua Nova dos Mercadores (antes Rua Nova dos Ferros). Nessa época, foi determinado que o material a utilizar deveria ser o granito da região do Porto, que, pelo transporte implicado, tornou a obra muito dispendiosa. O objetivo seria que a Ganga, um rinoceronte branco, ricamente ornamentada, não sujasse de lama com o calcar das suas pesadas patas, o numeroso e longo cortejo, com figurantes aparatosamente engalanados com as novas riquezas e adornos vindas do Oriente, que saía à rua em pleno Inverno, aquando do seu aniversário a 21 de Janeiro. A comitiva ficava manifestamente suja, daí a decisão de calcetar as ruas do percurso como forma de dar resposta ao problema. Sendo a única vez no ano em que o rei se mostrava à população vem daí a explressão: “Quando o rei faz anos…”
O terramoto de 1755, a consequente destruição e reconstrução da cidade lisboeta, em moldes racionais mas de custos contidos, tornou a calçada algo improvável à época. Contudo, já no século seguinte, foi feita em Lisboa no ano de 1842, uma calçada calcária, muito mais próxima da que hoje mais conhecemos e continua a ser utilizada. O trabalho foi realizado por presidiários (chamados “grilhetas” na época), a mando do Governador de armas do Castelo de São Jorge, o tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado. O desenho utilizado nesse pavimento foi de um traçado simples (tipo zig-zag) mas, para a época, a obra foi de certa forma insólita, tendo motivado cronistas portugueses a escrever sobre o assunto. Em O Arco de Sant’Ana, romance de Almeida Garrett, também a calçada seria referida, tal como em Cristalizações, poema de Cesário Verde. A chamada “calçada à portuguesa”, conforme a conhecemos, em calcário branco e negro, foi empregada pela primeira vez em Lisboa, na encosta do castelo, no ano de 1842.
Após este primeiro acontecimento, foram concedidas verbas a Eusébio Furtado para que os seus homens pavimentassem toda a área da Praça do Rossio, uma das zonas mais conhecidas e mais centrais de Lisboa, numa extensão de 8.712 m². A calçada portuguesa rapidamente se espalhou por todo o país e colónias, subjacente a um ideal de moda e de bom gosto, tendo-se apurado o sentido artístico, que foi aliado a um conceito de funcionalidade, originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais. Daqui, bastou somente mais um passo, para que esta arte ultrapassasse fronteiras, sendo solicitados mestres calceteiros portugueses para executar e ensinar estes trabalhos no estrangeiro.
A calçada portuguesa é a herdeira das pavimentações romanas e a expressão portuguesa dessa tradição. O conceito de pavimentação está aliado a uma certa mentalidade romântica, onde se afirma o valor do nacionalismo, que se vai expressar na busca do passado de signos, factos e mitos considerados marcos fundamentais da história de Portugal e da construção da identidade nacional.
São utilizados por isso na calçada portuguesa padrões e elementos decorativos tipicamente portugueses, relacionados com actividades sócio-económicas, peixes, frutos, cereais, animais, artesanato e sobretudo o período dos Descobrimentos marítimos onde pontificam caravelas, sereias, cordas, conchas, ondas do mar, estrelas e esferas armilares.
Em 1986, foi criada uma escola para calceteiros (Escola de Calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa), situada na Quinta Conde dos Arcos. Da autoria de Sérgio Stichini, em Dezembro de 2006, foi inaugurado também um monumento ao calceteiro, sito na Rua da Vitória (baixa Pombalina), entre as Rua da Prata e Rua dos Douradores.
Autor: A. Pires
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Crónica de um percurso
Um é o sabor de andar de eléctrico à moda antiga, lentamente, aos encontrões nas curvas, com o chiar das rodas nos carris. Outro é o descanso, para quem não tenha pressa, de um circuito que, feito em outro qualquer meio de transporte, é um verdadeiro suplício. Finalmente, o percurso, pelos locais onde passa, é um verdadeiro passeio pela vida de Lisboa, desde a fundação até aos nossos dias - ou seja, oito séculos de história paulatinamente apreciados das altas e arejadas janelas do eléctrico, condensados numa hora.
Foi esta última qualidade que levou o nosso mais competente e interessante historiador de Arte, José-Augusto França, a fazer uma narrativa da viagem. Como ele salienta, no prefácio de "28 - Crónica de Um Percurso", o amarelinho "passa por uma dez igrejas, oito conventos que foram, uns vinte palácios e palacetes que são ou já não são, meia dúzia de prédios de destaque, seis jardins e uma dezena e meia de estátuas, dez teatros e cinemas de que só restam dois..."
Assim embalados, lá vamos pelo 28!
O Martim Moniz - a mais histórica das chagas da capital - já foi consertado, uma necessidade que se fazia sentir há séculos, mas cujo arranjo certamente continua a desagradar a muita gente.
Até à Graça, e mesmo depois dela, é o século XIX que impera, com monumentos maçónicos e operários, apesar de ser zona habitada á muito mais tempo; contudo logo a seguir, pela Rua das Escolas Gerais (o que seriam?), chega-se à Graça e ao berço da nacionalidade. É o Castelo, é a Sé (mandada fazer por D. Afonso Henriques, logo a seguir à tomada da cidade, no terreno de uma mesquita) são os palácios medievais depois tornados conventos, depois prisões, depois tantas outras coisas.
O 28 passa atravessa então a Baixa, e estamos no período pombalino. Depois, subindo a Calçada de São Francisco (também pombalina) cruza o Chiado, onde há memórias oitocentistas (o antigo Hotel Bragança, em cujo restaurante se deleitavam os perdidos da vida), símbolos do Estado Novo (a PIDE), e, realmente, um pouco de todas as épocas.
As referências são sempre múltiplas e de muitas épocas, numa cidade que se vem construindo e destruindo sucessivamente ao vento das catástrofes naturais e aos ventos das histórias, das fortunas, das viradeiras.
Como se adivinha nesta breve resenha, há pano para muitas mangas, então, convém não esquecer, pode-se mesmo apanhar o 28 e viver tudo isto.
Autor: A. Pires
In "28 Crónica de um percurso" de José-Augusto França
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
sábado, 19 de outubro de 2013
Centenário Nascimento Vinicius de Moraes
Eu vi a estrela polar
Chorando em cima do mar
Eu vi a estrela polar
Nas costas de Portugal!
Desde então não seja Vênus
A mais pura das estrelas
A estrela polar não brilha
Se humilha no firmamento
Parece uma criancinha
Enjeitada pelo frio
Estrelinha franciscana
Teresinha, mariana
Perdida no Pólo Norte
De toda a tristeza humana.
Rio de Janeiro , 1946
Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários.
O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espectáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi anistiado (post-mortem)pela Justiça em 1998. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22 de junho de 2010 e recebeu o número 12.265.
Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da Conceição", em 25 de setembro de 1956. Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.
Na noite de 9 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia seguinte Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Poema Papiniano Carlos
Que ajude a inspirar os Republicanos vivos no exemplo dos Republicanos mortos.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Uma bofetada na República
Agora, acabou-se com o feriado do 5 de Outubro, curiosamente num tempo em que o Sr. Presidente da República louva esta e os seus ideais fazendo apelo à ética Republicana. Os dois anteriores Presidentes, Mário Soares e Jorge Sampaio, também o fizeram e com forte convicção.
Ora, quando os nossos Presidentes assim procedem, a República resulta em exemplo estimulante para os comportamentos que os actores políticos nem sempre, como tal, têm assumido.
Na Ditadura, foi a “República” que aglutinou o combate politico com as intervenções sacrificadas de muitos Republicanos. Os Congressos Republicanos de Aveiro foram disso exemplo notável. A República foi nesses difíceis tempos a voz, o coração e a coragem da Oposição.
O Governo, da República, decidiu extinguir o feriado do 5 de Outubro e ao fazê-lo, pelo menos, está a esquecer os seus fundadores republicanos, já mortos, companheiros de quem nos lembramos agora, Mário Montalvão Machado, Artur Santos Silva, José Augusto Seabra, Artur Andrade, Artur da Cunha Leal, Olívio França, Nuno Rodrigues dos Santos, entre outros.
Importa dizer não, por Decência.
Talvez a notável poesia de Papiniano Carlos lida aquando do Congresso Republicano de 1956, ajude a inspirar os Republicanos vivos no exemplo dos Republicanos mortos:
“Que vos dizer, ó companheiros mortos,
Ó mestres queridos, ilustres ou anónimos?
Que palavras incolores, que rosa desfolhada
para dar-vos? Não, a terra não ficou
por semear, nem o navio abandonado,
a tarefa inacabada.
Que esperais de nós ainda?”, nós sabemos
que é a vosso lado que atravessaremos as sombras
destes terríveis tempos. Convosco viajaríamos
através da morte, da peste e dos infernos
se preciso fosse. A liberdade escreve-se
com sangue, estrelas e raízes, e é no meio
das trevas e dos cárceres que floresce
Assim vós a amastes e nos ensinaste.
Assim a amamos e, em seu nome,
havemos de chegar ao fim
da áspera jornada:
Com o exemplo da vossa união,
com vossa fé, vosso amor ao Povo, vossa verdade,
vosso navio,
vossa inesquecível voz.”
Viva a República!
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Conferência Fernão Mendes Pinto
No âmbito do Ciclo de CONFERÊNCIAS DO MONTE DA LUA, a VITRIOL Associação realizou a 19.ª Conferência com o tema - FERNÃO MENDES PINTO: PEREGRINANDO no LABIRINTO do ORIENTE, por ANTÓNIO M. FERRO.
Antecipando o 4.º Centenário da publicação de Peregrinação, que ocorre no próximo ano, ensaia-se nesta comunicação uma leitura desse texto fundamental da Cultura, da Literatura e da Língua Portuguesa, tendo como novelo de Ariana e bússola os conceitos de mito e desmitificação, biografismo e autobiografismo, Portugal e os portugueses, História e Utopia, verdade e fantasia, viagem e milagrismo, e outros vários rumos e navegações, ora “pelo rio abaixo” ora “pelo rio acima”.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Peregrinando II
Saudades da minha gueixa
Como sal dissolvo-me na memória de ti
antiquíssimo alimento de minha alma perdida
e sorvo avidamente a minha cicuta diária
na inquietude longa e dura e vária
que a tua ausência traz ao meu desfazer-se
dia a dia e navegar
Meu pão nosso de cada dia
e minha querida navegação antiga
em tua ausência vou amiga e Circe
pelo rio acima
e pelo rio abaixo
Autor: António M. Ferro
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Peregrinando - I
Peregrinando paciente impaciente
o pobre de mim! Em minha vela vou
por este rio acima
por este rio abaixoAs vezes mísero às vezes nobre
Ora valente ora covarde enorme ingente
As vezes grande às vezes baixo
Quem sou se faz deste indo e navegar
assim tão incerto e tão contrário
Às vezes blasfémias ás vezes orações
Entre naufrágios e milagres
bombardas golpes tempestades
feridas e monções
por este rio acima
por este rio abaixo vou
E rumando tesouros e feridas e ilusões
que quão incertas são as cousas da China!
Sou imprevisto e vário
e ladrão embaixador avaro soldado
mercador falsário cruel bondoso ruim
generoso escravo mísero mas corsário
de mim sempre. Que escrevo?
Mas cossairo de mim sempre!
Autor: António M. Ferro
terça-feira, 30 de julho de 2013
Este é tempo de sim
Este é tempo de sim
Tempo de cada um por si e para si
Carreira ordem unida orelha murcha
Vida vidinha medo miudinho
Tempo de chefe e chefezinho
Este é tempo outra vez de Portugal em inhoEis senão quando vem Fernando Valle
Com seu cabelo branco e seu sorriso
Traz consigo a velha trilogia
Liberdade (diz ele)
E há nos seus olhos
Uma bandeira a conduzir o povo
Igualdade (diz ele)
E chegam guerrilheiros
Com suas armas e sua festa
Garrett desembarca no Mindelo
Antero fala nas Conferências do Casino
Tocam sinos
E chegam carbonários
Sonhadores
A Rotunda o Relvas a República
Fraternidade (diz) E aí estamos nós
De novo de mão na mão
Prontos para o combate
E para o não
Ouviremos o Torga
Seremos contra isto para ser por isto
Resistir é possível
Pela esperança lúcida
É possível começar de novo
Porque ainda há Fernando Valle
Algures em Coimbra ou Arganil
Há ainda um velho capitão do povo
Com ele é sempre Portugal
E é sempre Abril.
Na data de nascimento - 30 de Julho, poema de Manuel Alegre dedicado à memória de Fernando Valle
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Caminho
Longe é a noite para aquele que vela
Longe é o caminho para aquele que está fatigado
Longe é a série para os ignorantes...
Caminho, poema de António Albino Machado
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Um dia vou olhar para as tuas mãos
Um dia vou olhar para as tuas mãos
E sentir como sou feita delas...
Poema de Olga Florência
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Origem do conto do Vigário, Fernando Pessoa
Vivia há já não poucos anos, algures, num concelho do Ribatejo, um pequeno lavrador, negociante de gado, chamado Manuel Peres Vigário. Da sua qualidade, como diriam os psicólogos práticos, falará o bastante a circunstância que dá princípio a esta narrativa.
Chegou uma vez ao pé dele certo fabricante ilegal de notas falsas, disse-lhe: "Sr. Vigário, tenho aqui umas notazinhas de cem mil réis que me falta passar. O senhor quer? Largo-lhas por vinte mil réis cada uma.»; «Deixa ver», disse o Vigário; e depois, reparando logo que eram imperfeitíssimas, rejeitou-as: «Para que quero eu isso?», disse; «isso nem a cego se passa.» O outro, porém, insistiu; Vigário cedeu um pouco regateando; por fim fez-se negócio de vinte notas, a dez mil réis cada uma. Sucedeu que dali a dias tinha o Vigário que pagar a uns irmãos negociantes de gado como ele, a diferença de uma conta, no valor certo de um conto de réis. No primeiro dia da feira, em a qual se deveria efectuar o pagamento, estavam os dois irmãos jantando numa taberna escura da localidade, quando surgiu pela porta, cambaleando de bêbado, o Manuel Peres Vigário. Sentou-se à mesa deles, e pediu vinho. Daí a um tempo, depois de vária conversa, pouco inteligível da sua parte, lembrou que tinha que pagar-lhes. E, puxando da carteira, perguntou se, se importavam de receber tudo em notas de cinquenta mil réis. Eles disseram que não, e, como a carteira nesse momento se entreabrisse, o mais vigilante dos dois chamou, com um olhar rápido, a atenção do irmão para as notas, que se via que eram de cem. Houve então a troca de outro olhar.
Quando, no próprio dia ou no outro, houve ocasião de se trocar a primeira nota, o que ia a recebê-la devolveu-a logo, por descaradamente falsa, e o mesmo fez à segunda e à terceira... E os irmãos, olhando então verdadeiramente para as notas, viram que nem a cegos se poderiam passar.
Queixaram-se à polícia, e foi chamado o Manuel Peres, que, ouvindo atónito o caso, ergueu as mãos ao céu em graças da bebedeira providencial que o havia colhido no dia do pagamento. Sem isso, disse, talvez, embora inocente, estivesse perdido. Se não fosse ela, explicou, nem pediria recibo, nem com certeza o pediria como aquele que tinha, e apresentou, assinado pelos dois irmãos, e que provava bem que tinha feito o pagamento em notas de cinquenta mil réis. "E se eu tivesse pago em notas de cem", rematou o Vigário "nem eu estava tão bêbedo que pagasse vinte, como estes senhores dizem que têm, nem muito menos eles, que são homens honrados, mas receberiam." E, como era de justiça foi mandado em paz.
(Publicado pela primeira vez no diário Sol, Lisboa, ano I, nº 1, de 30/10/1926, com o título de «Um Grande Português». Foi publicado depois no Notícias Ilustrado, 2ª série, Lisboa, 18/08/1929, com o título de "A Origem do Conto do Vigário".)
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Um poema inédito de Fernando Pessoa
De leste a oeste comandámos,
Onde o sal vai, pisámos nós.
Ao luar de ignotos fins buscámos
A glória, inéditos e sós.
Doença o nosso sono brando.
Para quando é a nova lida,
Ó mãe Ibéria, para quando?
Dois povos vêm da mesma raça
Da mãe comum dois filhos nados,
Hispanha, glória, orgulho e graça,
Portugal, a saudade e as espada,
Mas hoje... clama no ermo insulso
Quem fomos por quem somos, chamando.
Para quando é o novo impulso
Ó mãe Ibéria, para quando?
Essa a sua originalidade, abrindo perspectivas novas à compreensão do messianismo de Pessoa.
Descoberto, fixado e comentado por Teresa Rita Lopes
In, Hablar Falar de Poesia nº 1, Outono 1997
http://www.cfh.ufsc.br/~magno/orpheuinedito.htm
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Conferência e Roteiro: Olisipo e a Romanização Território
A VITRIOL Associação realizou mais uma viagem através da história de do tempo com o Roteiro/Visita sobre OLISIPO e a ROMANIZAÇÃO do TERRITÓRIO, por FILOMENA BARATA (historiadora) e RAÚL LOUSADA (jornalista).
Pretende-se fazer a apresentação do que foi o Processo de Romanização na Hispânia e, em particular, na Lusitânia, referindo-nos às grandes mutações que se operaram no território com a chegada dos Romanos.
Debruçar-nos-emos sobre aspectos Administrativos; sobre a Vida Urbana e a Vida Rural; sobre a economia monetária e ainda sobre a exploração dos recursos designadamente os agrícolas, mineiros e piscatórios, durante a ocupação romana.
Nesse contexto serão dados a conhecer os vestígios romanos de Olisipo a que algumas lendas quiseram atribuir uma fundação mítica a Ulisses.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
A Romanização de Olisipo
Para ver, sentir os vestígios romanos na capital, podemos iniciar o nosso roteiro pela zona de Alfama.
No Núcleo Arqueológico Rua dos Correeiros/BCP – Entre 1991 e 1995, no decorrer das obras de remodelação aí efectuadas, a perfuração do pavimento pôs a descoberto estruturas arqueológicas de civilizações que, ao longo dos tempos, habitaram Lisboa.
A caminho da colina, encontramos as lápides das Pedras Negras – Aquando da construção de um prédio pombalino na Travessa do Almada, conhecido justamente como "prédio do Almada", foram descobertas quatro lápides contendo inscrições latinas, duas das quais dedicadas aos deuses romanos Mercúrio e Cíbele. As lápides foram mantidas no local, integradas na fachada lateral do edifício, onde se encontram actualmente. A designação comum das lápides provém da rua com a qual o prédio faz gaveto, a Rua das Pedras Negras. As inscrições romanas reflectem a religião e administração de Olisipo.
Seguindo o nosso roteiro, encontramos a Sé Catedral de Lisboa, construída por várias civilizações e designados períodos: Medieval Islâmico; Medieval Cristão; Moderno; Contemporâneo; Romano; Alta Idade Média e Idade do Ferro.
Seguindo a imaginária estrada romana, vamos dar ao Museu Teatro Romano de Olisipo. O Teatro foi descoberto em 1798, na fase de reconstrução da cidade após o terramoto de 1755. Tradicionalmente deve-se ao Arq.º Francisco Xavier Fabri a sua descoberta. Apesar dos seus esforços, novos edifícios foram construídos sobre as ruínas, tendo progressivamente sido esquecida a memória de ali ter existido um teatro romano.
Ainda, com vigor para o resto do roteiro, subimos ao alto da colina do Castelo S. Jorge, onde recentemente foi instalado o seu Núcleo Museológico.
Autor: A. Pires