Este é tempo de sim
Tempo de cada um por si e para si
Carreira ordem unida orelha murcha
Vida vidinha medo miudinho
Tempo de chefe e chefezinho
Este é tempo outra vez de Portugal em inhoEis senão quando vem Fernando Valle
Com seu cabelo branco e seu sorriso
Traz consigo a velha trilogia
Liberdade (diz ele)
E há nos seus olhos
Uma bandeira a conduzir o povo
Igualdade (diz ele)
E chegam guerrilheiros
Com suas armas e sua festa
Garrett desembarca no Mindelo
Antero fala nas Conferências do Casino
Tocam sinos
E chegam carbonários
Sonhadores
A Rotunda o Relvas a República
Fraternidade (diz) E aí estamos nós
De novo de mão na mão
Prontos para o combate
E para o não
Ouviremos o Torga
Seremos contra isto para ser por isto
Resistir é possível
Pela esperança lúcida
É possível começar de novo
Porque ainda há Fernando Valle
Algures em Coimbra ou Arganil
Há ainda um velho capitão do povo
Com ele é sempre Portugal
E é sempre Abril.
Na data de nascimento - 30 de Julho, poema de Manuel Alegre dedicado à memória de Fernando Valle