sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Solstício de Inverno 2013 - Quinta da Regaleira - Sintra


No momento em que o Homem se junta à volta do Fogo, realizou-se a celebração numa comunhão de ideais com a participação: música Hugo Claro e Sofia Sousa Claro; poesia Maria Lurdes Nogueira, João David Zink, Olga Florência, José Paulo Sousa, Júlia Pires, António M. Ferro, Margarida Canto, João Camacho ... Saudando o RENASCIMENTO em todos Nós.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Celebração Solstício de Inverno 2013


Mais um Solstício de Inverno, em que viveremos a noite mais longa do ano. Como que num recolhimento uterino desejado, o Sol afastou-se do hemisfério norte. O Inverno é a época para semear. 

No momento em que o Homem se junta à volta do Fogo, realizou-se a celebração numa comunhão de ideais com a participação: música Hugo Claro e Sofia Sousa Claro; poesia Maria Lurdes Nogueira, João David Zink, Olga Florência, José Paulo Sousa, Júlia Pires, António M. Ferro, Margarida Canto, João Camacho.

Saudamos o Solstício fecundo;
Saudamos a Luz;
Abrimos os nossos corações;
Levantamos as nossas mãos;


Sobe, chama, sobe!

Saudamos o Sol;
Saudamos a Vida;
Saudamos a Origem!


VITRIOL - ASSOCIAÇÃO DIVULGAÇÃO LÍNGUA CULTURA LUSÓFONA

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Invictus


Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
por minha alma indomável

Sob as garras cruéis das circunstâncias
eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas continua erguida

Mais além deste lugar de lágrimas e ira,
Jazem os horrores da sombra.
Mas a ameaça dos anos,
Me encontra e me encontrará, sem medo.

Não importa quão estreito o portão
Quão repleta de castigo a sentença,
Eu sou o senhor de meu destino
Eu sou o capitão de minha alma.

Poema de William Ernest Henley, escrito em 1875, poema que Mandela lia todos os dias na cadeia e que lhe serviu de inspiração para continuar cada dia. 
 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Conferência e Roteiro: Os Painéis S. Vicente de Fora


Ciclo de Conferências do Monte da Lua: «Os Painéis de S. Vicente de Fora: a iconografia em questão» 


Os «Painéis de S. Vicente de Fora» que hoje se encontram no Museu Nacional de Arte Antiga, ainda que não suscitem grandes divergências no que respeita a considerações de ordem estética, sendo consensual o fascínio que exercem, são, no entanto, o objecto da maior controvérsia na historiografia do património artístico português, aquela que já fez correr mais tinta e despertou maiores paixões, e que apesar disso, volvido mais de um século da sua redescoberta, se encontra longe de estar definitivamente solucionado.

A presente abordagem, incidirá sobre os grandes pontos de divergência: a disposição dos painéis e o destino iniciais, o seu significado, a identificação da personagem central e demais figuras, as diferentes teses («vicentina», «catarinista», «fernandina», «cardinalícia», «crispiniana», «carlista» e dualistas destas), a autoria, o(s) patrocinador(es), e a data de execução. Serão demonstrados os resultados da própria investigação do conferencista, e à luz desta apontados novos caminhos a percorrer.

Autor: João David Zink, historiador de arte

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A calçada portuguesa

Apesar de os pavimentos calcetados terem surgido no reino por volta de 1500, a calçada à portuguesa, tal como a entendemos hoje, foi iniciada em meados do Séc. XIX. A chamada “calçada à portuguesa”, em calcário branco e negro, caracteriza-se pela forma irregular de aplicação das pedras. Todavia, o tipo de aplicação mais utilizado hoje, desde meados do Séc. XX, designado por “calçada portuguesa”, é aplicado com cubos, e tem um enquadramento diagonal. Calçada à portuguesa, e calçada portuguesa são coisas distintas.


A calçada começou em Portugal de forma direrente da que hoje é, mais desordenada. São as cartas régias de 20 de Agosto de 1498 e de 8 de Maio de 1500, assinadas pelo rei D. Manuel I, que marcam o início do calcetamento das ruas de Lisboa, mais notavelmente o da Rua Nova dos Mercadores (antes Rua Nova dos Ferros). Nessa época, foi determinado que o material a utilizar deveria ser o granito da região do Porto, que, pelo transporte implicado, tornou a obra muito dispendiosa. O objetivo seria que a Ganga, um rinoceronte branco, ricamente ornamentada, não sujasse de lama com o calcar das suas pesadas patas, o numeroso e longo cortejo, com figurantes aparatosamente engalanados com as novas riquezas e adornos vindas do Oriente, que saía à rua em pleno Inverno, aquando do seu aniversário a 21 de Janeiro. A comitiva ficava manifestamente suja, daí a decisão de calcetar as ruas do percurso como forma de dar resposta ao problema. Sendo a única vez no ano em que o rei se mostrava à população vem daí a explressão: “Quando o rei faz anos…”

O terramoto de 1755, a consequente destruição e reconstrução da cidade lisboeta, em moldes racionais mas de custos contidos, tornou a calçada algo improvável à época. Contudo, já no século seguinte, foi feita em Lisboa no ano de 1842, uma calçada calcária, muito mais próxima da que hoje mais conhecemos e continua a ser utilizada. O trabalho foi realizado por presidiários (chamados “grilhetas” na época), a mando do Governador de armas do Castelo de São Jorge, o tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado. O desenho utilizado nesse pavimento foi de um traçado simples (tipo zig-zag) mas, para a época, a obra foi de certa forma insólita, tendo motivado cronistas portugueses a escrever sobre o assunto. Em O Arco de Sant’Ana, romance de Almeida Garrett, também a calçada seria referida, tal como em Cristalizações, poema de Cesário Verde. A chamada “calçada à portuguesa”, conforme a conhecemos, em calcário branco e negro, foi empregada pela primeira vez em Lisboa, na encosta do castelo, no ano de 1842.

Após este primeiro acontecimento, foram concedidas verbas a Eusébio Furtado para que os seus homens pavimentassem toda a área da Praça do Rossio, uma das zonas mais conhecidas e mais centrais de Lisboa, numa extensão de 8.712 m². A calçada portuguesa rapidamente se espalhou por todo o país e colónias, subjacente a um ideal de moda e de bom gosto, tendo-se apurado o sentido artístico, que foi aliado a um conceito de funcionalidade, originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais. Daqui, bastou somente mais um passo, para que esta arte ultrapassasse fronteiras, sendo solicitados mestres calceteiros portugueses para executar e ensinar estes trabalhos no estrangeiro.

A calçada portuguesa é a herdeira das pavimentações romanas e a expressão portuguesa dessa tradição. O conceito de pavimentação está aliado a uma certa mentalidade romântica, onde se afirma o valor do nacionalismo, que se vai expressar na busca do passado de signos, factos e mitos considerados marcos fundamentais da história de Portugal e da construção da identidade nacional.
São utilizados por isso na calçada portuguesa padrões e elementos decorativos tipicamente portugueses, relacionados com actividades sócio-económicas, peixes, frutos, cereais, animais, artesanato e sobretudo o período dos Descobrimentos marítimos onde pontificam caravelas, sereias, cordas, conchas, ondas do mar, estrelas e esferas armilares.

Em 1986, foi criada uma escola para calceteiros (Escola de Calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa), situada na Quinta Conde dos Arcos. Da autoria de Sérgio Stichini, em Dezembro de 2006, foi inaugurado também um monumento ao calceteiro, sito na Rua da Vitória (baixa Pombalina), entre as Rua da Prata e Rua dos Douradores.


Autor: A. Pires

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Crónica de um percurso

Ainda perduram algumas carreiras de eléctricos em Lisboa, algumas mais modernas (com eléctricos de última geração e linhas reconstruídas) e também as mais antigas, e finalmente a 28, do Martim Moniz aos Prazeres. Destas carreira sobreviventes de uma rede que outrora chegava a toda a parte, a mais longa e complicada é a 28, cujo actual percurso data de 1985, mas que já era possível fazer antes, com outras denominações. Há vários aspectos muito interessantes nesta carreira, que a tornam muito procurada por alfacinhas, portugueses e turistas.

Um é o sabor de andar de eléctrico à moda antiga, lentamente, aos encontrões nas curvas, com o chiar das rodas nos carris. Outro é o descanso, para quem não tenha pressa, de um circuito que, feito em outro qualquer meio de transporte, é um verdadeiro suplício. Finalmente, o percurso, pelos locais onde passa, é um verdadeiro passeio pela vida de Lisboa, desde a fundação até aos nossos dias - ou seja, oito séculos de história paulatinamente apreciados das altas e arejadas janelas do eléctrico, condensados numa hora. 

Foi esta última qualidade que levou o nosso mais competente e interessante historiador de Arte, José-Augusto França, a fazer uma narrativa da viagem. Como ele salienta, no prefácio de "28 - Crónica de Um Percurso", o amarelinho "passa por uma dez igrejas, oito conventos que foram, uns vinte palácios e palacetes que são ou já não são, meia dúzia de prédios de destaque, seis jardins e uma dezena e meia de estátuas, dez teatros e cinemas de que só restam dois..."

Assim embalados, lá vamos pelo 28! 
O percurso pode começar no Largo do Martim Moniz ou no largo em frente ao cemitério dos Prazeres, em Campo de Ourique. Vamos iniciar da base mais antiga, o que permite um certo sentido cronológico.

O Martim Moniz - a mais histórica das chagas da capital - já foi consertado, uma necessidade que se fazia sentir há séculos, mas cujo arranjo certamente continua a desagradar a muita gente. 
Seguimos por ruas, apontando a quem se refere o nome de muitas delas - heróis esquecidos de outras guerras - e salientando uma ou outra construção interessante, que aqui nem há muitas. 
Com efeito, tanto o malfadado largo , como a Rua da Palma e a sua continuação, a Avenida Almirante Reis, nunca conseguiram ser nem bonitos, nem agradáveis, nem particularmente interessantes. São aquelas áreas de maldição que todas as cidades têm, mesmo quando já passaram por séculos de gostos, estilos, destruições e reconstruções. 
Mas o 28 logo depois muda para a rua Maria Andrade (uma das filhas do pato bravo que construiu aqueles quarteirões, vai para mais de um século, ficamos a saber) e começa a subir para paragens mais interessantes.

Até à Graça, e mesmo depois dela, é o século XIX que impera, com monumentos maçónicos e operários, apesar de ser zona habitada á muito mais tempo; contudo logo a seguir, pela Rua das Escolas Gerais (o que seriam?), chega-se à Graça e ao berço da nacionalidade. É o Castelo, é a Sé (mandada fazer por D. Afonso Henriques, logo a seguir à tomada da cidade, no terreno de uma mesquita) são os palácios medievais depois tornados conventos, depois prisões, depois tantas outras coisas. 
O Limoeiro, por exemplo, foi Paço dei Rei D. Fernando, morada de D. Pedro e D. Inês, refúgio de D. Leonor Teles e perdição do Conde Andeiro, quase desapareceu no Terramoto, tornou-se convento, depois prisão e actualmente, limpo e depurado, é... Academia!

O 28 passa atravessa então a Baixa, e estamos no período pombalino. Depois, subindo a Calçada de São Francisco (também pombalina) cruza o Chiado, onde há memórias oitocentistas (o antigo Hotel Bragança, em cujo restaurante se deleitavam os perdidos da vida), símbolos do Estado Novo (a PIDE), e, realmente, um pouco de todas as épocas. 
O mesmo se pode dizer do Camões (a terceira grande estátua levantada em Lisboa, depois do D. José e do D. Pedro IV) e mergulha nas profundezas de S. Bento - a Assembleia da República, que já foi convento, o Poço dos Negros, onde eram atirados a um poço, mais palácios, o primeiro centro de Higiene Pública da cidade, hoje desaparecido, a Faculdade de Economia, a Emissora Nacional...

As referências são sempre múltiplas e de muitas épocas, numa cidade que se vem construindo e destruindo sucessivamente ao vento das catástrofes naturais e aos ventos das histórias, das fortunas, das viradeiras. 
Pausa obrigatória na Estrela, a única loucura da rainha louca, com o seu jardim já quase republicano - e depois é a zona da década de 30 e 40 e da pequena burguesia pré e pró-salazarenta, Campo de Ourique. 
Quanto ao cemitério, a leitura dos jazigos, campas e estilos funerários é, em si, toda uma outra leitura da mesma História.

Como se adivinha nesta breve resenha, há pano para muitas mangas, então, convém não esquecer, pode-se mesmo apanhar o 28 e viver tudo isto. 

Autor: A. Pires
In "28 Crónica de um percurso" de José-Augusto França

sábado, 19 de outubro de 2013

Centenário Nascimento Vinicius de Moraes

Eu vi a estrela polar
Chorando em cima do mar
Eu vi a estrela polar
Nas costas de Portugal! 

Desde então não seja Vênus
A mais pura das estrelas
A estrela polar não brilha
Se humilha no firmamento
Parece uma criancinha
Enjeitada pelo frio
Estrelinha franciscana
Teresinha, mariana
Perdida no Pólo Norte
De toda a tristeza humana.

Rio de Janeiro , 1946 

Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto. Desde então, já demonstrava interesse em escrever poesias. Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para terminar o curso primário.
Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos. Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje Faculdade Nacional de Direito (UFRJ). Na chamada "Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.

Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários. 
No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda. 
No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco.

O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espectáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi anistiado (post-mortem)pela Justiça em 1998. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22 de junho de 2010 e recebeu o número 12.265.

Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da Conceição", em 25 de setembro de 1956. Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime. 
Na década de 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.

Na noite de 9 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia seguinte Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.

 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Poema Papiniano Carlos



Notável poesia de Papiniano Carlos lida aquando do Congresso Republicano de 1956.
Que ajude a inspirar os Republicanos vivos no exemplo dos Republicanos mortos.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Uma bofetada na República

Os Centros Republicanos sempre comemoraram o 5 de Outubro. Sempre junto à estátua de António José de Almeida, quer durante a Primeira República, quer na Ditadura do Estado Novo e agora, ao longo da Segunda República. Mas sempre, arrostando durante a Ditadura com cargas policiais e selváticas.
Agora, acabou-se com o feriado do 5 de Outubro, curiosamente num tempo em que o Sr. Presidente da República louva esta e os seus ideais fazendo apelo à ética Republicana. Os dois anteriores Presidentes, Mário Soares e Jorge Sampaio, também o fizeram e com forte convicção.
Ora, quando os nossos Presidentes assim procedem, a República resulta em exemplo estimulante para os comportamentos que os actores políticos nem sempre, como tal, têm assumido.
Na Ditadura, foi a “República” que aglutinou o combate politico com as intervenções sacrificadas de muitos Republicanos. Os Congressos Republicanos de Aveiro foram disso exemplo notável. A República foi nesses difíceis tempos a voz, o coração e a coragem da Oposição.

O Governo, da República, decidiu extinguir o feriado do 5 de Outubro e ao fazê-lo, pelo menos, está a esquecer os seus fundadores republicanos, já mortos, companheiros de quem nos lembramos agora, Mário Montalvão Machado, Artur Santos Silva, José Augusto Seabra, Artur Andrade, Artur da Cunha Leal, Olívio França, Nuno Rodrigues dos Santos, entre outros.
Importa dizer não, por Decência.

Talvez a notável poesia de Papiniano Carlos lida aquando do Congresso Republicano de 1956,
ajude a inspirar os Republicanos vivos no exemplo dos Republicanos mortos:

“Que vos dizer, ó companheiros mortos,

Ó mestres queridos, ilustres ou anónimos?
Que palavras incolores, que rosa desfolhada
para dar-vos? Não, a terra não ficou
por semear, nem o navio abandonado,
a tarefa inacabada.
 
Mesmo que vós nos dissésseis: “Estamos mortos!
Que esperais de nós ainda?”, nós sabemos
que é a vosso lado que atravessaremos as sombras
destes terríveis tempos. Convosco viajaríamos
através da morte, da peste e dos infernos
se preciso fosse. A liberdade escreve-se
com sangue, estrelas e raízes, e é no meio
das trevas e dos cárceres que floresce

Assim vós a amastes e nos ensinaste.

Assim a amamos e, em seu nome,
havemos de chegar ao fim
da áspera jornada:

Com o exemplo da vossa união,
com vossa fé, vosso amor ao Povo, vossa verdade,
vosso navio,
vossa inesquecível voz.”


Viva a República!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Conferência Fernão Mendes Pinto


No âmbito do Ciclo de CONFERÊNCIAS DO MONTE DA LUA, a VITRIOL Associação realizou a 19.ª Conferência com o tema - FERNÃO MENDES PINTO: PEREGRINANDO no LABIRINTO do ORIENTE, por ANTÓNIO M. FERRO.

Antecipando o 4.º Centenário da publicação de Peregrinação, que ocorre no próximo ano, ensaia-se nesta comunicação uma leitura desse texto fundamental da Cultura, da Literatura e da Língua Portuguesa, tendo como novelo de Ariana e bússola os conceitos de mito e desmitificação, biografismo e autobiografismo, Portugal e os portugueses, História e Utopia, verdade e fantasia, viagem e milagrismo, e outros vários rumos e navegações, ora “pelo rio abaixo” ora “pelo rio acima”. 

Autor: António M. Ferro
Mestre em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Doutor em Linguística Românica pela Universidade de Bucareste.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Peregrinando II

Saudades da minha gueixa
Como sal dissolvo-me na memória de ti
antiquíssimo alimento de minha alma perdida
e sorvo avidamente a minha cicuta diária
na inquietude longa e dura e vária
que a tua ausência traz ao meu desfazer-se
dia a dia e navegar
Meu pão nosso de cada dia
e minha querida navegação antiga
em tua ausência vou amiga e Circe
pelo rio acima

e pelo rio abaixo

Autor: António M. Ferro

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Peregrinando - I

Peregrinando paciente impaciente
o pobre de mim! Em minha vela vou
por este rio acima
por este rio abaixo
As vezes mísero às vezes nobre
Ora valente ora covarde enorme ingente
As vezes grande às vezes baixo
Quem sou se faz deste indo e navegar
assim tão incerto e tão contrário
Às vezes blasfémias ás vezes orações
Entre naufrágios e milagres
bombardas golpes tempestades
feridas e monções
por este rio acima
por este rio abaixo vou
 

E rumando tesouros e feridas e ilusões
que quão incertas são as cousas da China! 

Sou imprevisto e vário
e ladrão embaixador avaro soldado
mercador falsário cruel bondoso ruim
generoso escravo mísero mas corsário
de mim sempre. Que escrevo?
Mas cossairo de mim sempre!

Autor: António M. Ferro

terça-feira, 30 de julho de 2013

Este é tempo de sim


Este é tempo de sim
Tempo de cada um por si e para si
Carreira ordem unida orelha murcha
Vida vidinha medo miudinho
Tempo de chefe e chefezinho
Este é tempo outra vez de Portugal em inho
Eis senão quando vem Fernando Valle
Com seu cabelo branco e seu sorriso
Traz consigo a velha trilogia
Liberdade (diz ele) 

E há nos seus olhos
Uma bandeira a conduzir o povo
Igualdade (diz ele) 

E chegam guerrilheiros
Com suas armas e sua festa
Garrett desembarca no Mindelo
Antero fala nas Conferências do Casino
Tocam sinos
E chegam carbonários
Sonhadores
A Rotunda o Relvas a República
Fraternidade (diz) E aí estamos nós
De novo de mão na mão
Prontos para o combate
E para o não  

Ouviremos o Torga
Seremos contra isto para ser por isto
Resistir é possível
Pela esperança lúcida
É possível começar de novo
 

Porque ainda há Fernando Valle
Algures em Coimbra ou Arganil
Há ainda um velho capitão do povo
Com ele é sempre Portugal
E é sempre Abri
l.

Na data de nascimento - 30 de Julho, poema de Manuel Alegre dedicado à memória de Fernando Valle


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Caminho


Longe é a noite para aquele que vela
Longe é o caminho para aquele que está fatigado
Longe é a série para os ignorantes...

Caminho, poema de António Albino Machado


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Origem do conto do Vigário, Fernando Pessoa

Vivia há já não poucos anos, algures, num concelho do Ribatejo, um pequeno lavrador, negociante de gado, chamado Manuel Peres Vigário. Da sua qualidade, como diriam os psicólogos práticos, falará o bastante a circunstância que dá princípio a esta narrativa.  

Chegou uma vez ao pé dele certo fabricante ilegal de notas falsas, disse-lhe: "Sr. Vigário, tenho aqui umas notazinhas de cem mil réis que me falta passar. O senhor quer? Largo-lhas por vinte mil réis cada uma.»; «Deixa ver», disse o Vigário; e depois, reparando logo que eram imperfeitíssimas, rejeitou-as: «Para que quero eu isso?», disse; «isso nem a cego se passa.» O outro, porém, insistiu; Vigário cedeu um pouco regateando; por fim fez-se negócio de vinte notas, a dez mil réis cada uma. Sucedeu que dali a dias tinha o Vigário que pagar a uns irmãos negociantes de gado como ele, a diferença de uma conta, no valor certo de um conto de réis. No primeiro dia da feira, em a qual se deveria efectuar o pagamento, estavam os dois irmãos jantando numa taberna escura da localidade, quando surgiu pela porta, cambaleando de bêbado, o Manuel Peres Vigário. Sentou-se à mesa deles, e pediu vinho. Daí a um tempo, depois de vária conversa, pouco inteligível da sua parte, lembrou que tinha que pagar-lhes. E, puxando da carteira, perguntou se, se importavam de receber tudo em notas de cinquenta mil réis. Eles disseram que não, e, como a carteira nesse momento se entreabrisse, o mais vigilante dos dois chamou, com um olhar rápido, a atenção do irmão para as notas, que se via que eram de cem. Houve então a troca de outro olhar.

O Manuel Peres, com lentidão, contou tremulamente vinte notas, que entregou. Um dos irmãos guardou-as logo, tendo-as visto contar, nem se perdeu em olhar mais para elas. O vigário continuou a conversa, e, várias vezes, pediu e bebeu mais vinho. Depois, por natural efeito da bebedeira progressiva, disse que queria ter um recibo. Não era uso, mas nenhum dos irmãos fez questão. Ditava ele o recibo, disse, pois queria as coisas todas certas. E ditou o recibo – um recibo de bêbedo, redundante e absurdo: de como em tal dia, a tais horas, na taberna de fulano, e "estando nós a jantar (e por ali fora com toda a prolixidade frouxa do bêbedo...), tinham eles recebido de Manuel Peres Vigário, do lugar de qualquer coisa, em pagamento de não sei quê, a quantia de um conto de réis em notas de cinquenta mil réis. O recibo foi datado, foi selado, foi assinado. O Vigário meteu-o na carteira, demorou-se mais um pouco, bebeu ainda mais vinho, e daí a um tempo foi-se embora.

Quando, no próprio dia ou no outro, houve ocasião de se trocar a primeira nota, o que ia a recebê-la devolveu-a logo, por descaradamente falsa, e o mesmo fez à segunda e à terceira... E os irmãos, olhando então verdadeiramente para as notas, viram que nem a cegos se poderiam passar.
Queixaram-se à polícia, e foi chamado o Manuel Peres, que, ouvindo atónito o caso, ergueu as mãos ao céu em graças da bebedeira providencial que o havia colhido no dia do pagamento. Sem isso, disse, talvez, embora inocente, estivesse perdido. Se não fosse ela, explicou, nem pediria recibo, nem com certeza o pediria como aquele que tinha, e apresentou, assinado pelos dois irmãos, e que provava bem que tinha feito o pagamento em notas de cinquenta mil réis. "E se eu tivesse pago em notas de cem", rematou o Vigário "nem eu estava tão bêbedo que pagasse vinte, como estes senhores dizem que têm, nem muito menos eles, que são homens honrados, mas receberiam." E, como era de justiça foi mandado em paz.

O caso, porém, não pôde ficar secreto; pouco a pouco se espalhou. E a história do "conto de réis do Manuel Vigário" passou, abreviada, para a imortalidade quotidiana, esquecida já da sua origem.
Os imperfeitíssimos imitadores, pessoais como políticos, do mestre ribatejano nunca chegaram, que eu saiba, a qualquer simulacro digno do estratagema exemplar. Por isso é com ternura que relembro o feito deste grande português, e me figuro, em devaneio, que, se há um céu para os hábeis, como constou que o havia para os bons, ali lhe não deve ter faltado o acolhimento dos próprios grandes mestres da Realidade – nem um leve brilho de olhos de Macchiavelli ou Guicciardini, nem um sorriso momentâneo de George Savile, Marquês de Halifax.

Contado por Fernando Pessoa.
(Publicado pela primeira vez no diário Sol, Lisboa, ano I, nº 1, de 30/10/1926, com o título de «Um Grande Português». Foi publicado depois no Notícias Ilustrado, 2ª série, Lisboa, 18/08/1929, com o título de "A Origem do Conto do Vigário".)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Um poema inédito de Fernando Pessoa

De leste a oeste comandámos,
Onde o sal vai, pisámos nós. 

Ao luar de ignotos fins buscámos
A glória, inéditos e sós. 

Doença o nosso sono brando.
Para quando é a nova lida,
Ó mãe Ibéria, para quando?

Dois povos vêm da mesma raça
Da mãe comum dois filhos nados,
Hispanha, glória, orgulho e graça,
Portugal, a saudade e as espada,
Mas hoje... clama no ermo insulso
Quem fomos por quem somos, chamando. 

Para quando é o novo impulso
Ó mãe Ibéria, para quando?
Este poema inédito de Fernando Pessoa, manuscrito e datado, de que actualizei a ortografia, merece alguns comentários.

Em primeiro lugar são de referir duas variantes nos dois primeiros versos da segunda estrofe: "três" em vez de "dois povos" e de "dois filhos". O terceiro filho seria a Catalunha, que figura depois de Portugal (quarto verso), por acrescento posterior. A Mãe Ibéria teria assim, na segunda versão que os acrescentos deixam entrever, três filhos: Portugal, a Hispanha assim chamada e a Catalunha: duas filhas e um filho macho.
É curioso constatar que o tal Quinto Império, com cujo sonho Pessoa se entreteve ao longo da vida, que seria do domínio do ser e não do ter - o da cultura e não o do poder, como no passado - abrangeria também a mãe Ibéria, como este poema deixa entender. 
Essa a sua originalidade, abrindo perspectivas novas à compreensão do messianismo de Pessoa.

Descoberto, fixado e comentado por Teresa Rita Lopes
In, Hablar Falar de Poesia nº 1, Outono 1997
http://www.cfh.ufsc.br/~magno/orpheuinedito.htm


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Conferência e Roteiro: Olisipo e a Romanização Território


A VITRIOL Associação realizou mais uma viagem através da história de do tempo com o Roteiro/Visita sobre OLISIPO e a ROMANIZAÇÃO do TERRITÓRIO, por FILOMENA BARATA (historiadora) e RAÚL LOUSADA (jornalista).

Pretende-se fazer a apresentação do que foi o Processo de Romanização na Hispânia e, em particular, na Lusitânia, referindo-nos às grandes mutações que se operaram no território com a chegada dos Romanos.
Debruçar-nos-emos sobre aspectos Administrativos; sobre a Vida Urbana e a Vida Rural; sobre a economia monetária e ainda sobre a exploração dos recursos designadamente os agrícolas, mineiros e piscatórios, durante a ocupação romana.
Nesse contexto serão dados a conhecer os vestígios romanos de Olisipo a que algumas lendas quiseram atribuir uma fundação mítica a Ulisses.
 
Autores: Filomena Barata (historiadora) e Raúl Lousada (jornalista) - Fundadores da Associação PORTUGAL ROMANO.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A Romanização de Olisipo

Onde actualmente existe a construção na zona compreendida entre Belém e Alfama, em tempos passados, na época romana, existia um vasto e imenso estuário do rio, com grande e variadíssima fauna marinha, diversidade peixe, locais ideais para implantar e construir edifícios apropriado para esta importante actividade para o Império Romano, pois, além de serem produzidos para consumo de toda a Roma, também eram produzidos para serem enviados para zonas longínquas do Império que estavam a colonizar. Razões mais que suficientes, para se desenvolver uma indústria conserveira bastante grande e criar e construir portos.

Para ver, sentir os vestígios romanos na capital, podemos iniciar o nosso roteiro pela zona de Alfama. 
Na Casa dos Bicos – podemos ver e visitar os vestígios de uma fábrica de preparados de peixe, cetarias romanas, e partes de uma muralha tardia.

No Núcleo Arqueológico Rua dos Correeiros/BCP – Entre 1991 e 1995, no decorrer das obras de remodelação aí efectuadas, a perfuração do pavimento pôs a descoberto estruturas arqueológicas de civilizações que, ao longo dos tempos, habitaram Lisboa. 
Pelas suas características únicas - aí se podem percorrer 2.500 anos da História de Lisboa - este espaço é também património da Cidade e mesmo do País, entendendo-se que, como tal, deve ser acessível ao público em geral. 
No esteiro do Tejo, área muito sensível a movimentos tectónicos, como assoreamento, aparecem novas formas de ocupação. A partir do século I d.C. instala-se um importante núcleo de preparados piscícolas, que terá laborado até finais do século IV d.C.. As fábricas eram constituídas por tanques - cetárias - de dimensões diversas, poços e edifícios de apoio às unidades fabris. A área onde se insere o Núcleo destinar-se-ia sobretudo à reparação de conservas de peixe salgado, o que se depreende da dimensão e da presença de ânforas normalmente usadas no transporte do produto. Em plano mais específico, há fortes indícios que levam a concluir, também, da produção de molhos – o garum. Outra estrutura que podemos observar trata-se do primeiro mosaico polícromo "in situ" datado do século III d.C. e um complexo de três piscinas.

A caminho da colina, encontramos as lápides das Pedras Negras – Aquando da construção de um prédio pombalino na Travessa do Almada, conhecido justamente como "prédio do Almada", foram descobertas quatro lápides contendo inscrições latinas, duas das quais dedicadas aos deuses romanos Mercúrio e Cíbele. As lápides foram mantidas no local, integradas na fachada lateral do edifício, onde se encontram actualmente. A designação comum das lápides provém da rua com a qual o prédio faz gaveto, a Rua das Pedras Negras. As inscrições romanas reflectem a religião e administração de Olisipo.

Seguindo o nosso roteiro, encontramos a Sé Catedral de Lisboa, construída por várias civilizações e designados períodos: Medieval Islâmico; Medieval Cristão; Moderno; Contemporâneo; Romano; Alta Idade Média e Idade do Ferro. 
No caso vertente, falemos dos Claustros da Sé de Lisboa - Saindo da sacristia, existem os claustros, um espaço impressionante, onde numa escavação arqueológica, iniciada em 1990, expôs uma série de estruturas que os arqueólogos enquadraram como datadas entre os séc. VI a.C. e o séc. XIV. Os vestígios mais antigos são compatíveis com as cerâmicas fenícias importadas do Mediterrâneo. 
Por outro lado, a ocupação romana do séc. I está demonstrada pela construção de uma calçada com esgoto, para onde convergiam as canalizações das lojas que ladeavam e animavam essa via de acesso. Há ainda vestígios da ocupação romana, que incluem cerâmicas e restos de alimentos, principalmente ossos e escamas. Uma estrada romana de acesso entre a zona ribeirinha e o teatro romano. Tem ainda pedras romanas nas paredes da Sé.

Seguindo a imaginária estrada romana, vamos dar ao Museu Teatro Romano de Olisipo. O Teatro foi descoberto em 1798, na fase de reconstrução da cidade após o terramoto de 1755. Tradicionalmente deve-se ao Arq.º Francisco Xavier Fabri a sua descoberta. Apesar dos seus esforços, novos edifícios foram construídos sobre as ruínas, tendo progressivamente sido esquecida a memória de ali ter existido um teatro romano. 
As primeiras campanhas de escavação arqueológica iniciaram-se em 1964, com D. Fernando de Almeida e foram continuadas, entre 1965 e 1967, pela investigadora Irisalva Moita, então conservadora dos museus municipais. Para o efeito, foram demolidos vários dos edifícios que se sobrepunham ao monumento. 
Os trabalhos coincidiram com a parte principal do espaço cénico: a orchaestra, o hyposcaenium e primeiros degraus da cavea. Na ocasião foram recuperados inúmeros elementos arquitectónicos, alguns dos quais hoje em exposição no Museu do Teatro Romano. Inaugurado em 2001, pretende mostrar o que foi o Teatro da antiga cidade de Olisipo. Instalado num edifício seiscentista, remodelado ao longo dos séculos, o Museu do Teatro Romano engloba múltiplas áreas onde se expõem testemunhos arqueológicos. Estes vestígios remetem-nos não apenas para a época do Teatro (séc. I), mas também para outros vestígios que testemunham uma intensa ocupação humana deste local.

Ainda, com vigor para o resto do roteiro, subimos ao alto da colina do Castelo S. Jorge, onde recentemente foi instalado o seu Núcleo Museológico
Tem uma colecção visitável constituída por um acervo de objectos encontrados na área arqueológica, proporcionando a descoberta das múltiplas culturas e vivências que desde o século VII a.C ao século XVIII foram contribuindo para a construção da Lisboa da actualidade. Evidência a primeira presença romana na cidade, a instalação militar a época de Júnio Bruto. 

Autor: A. Pires 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A um deus desconhecido


Se nos tivesses dito.
Que a espuma que o mar traz, é igual ao silêncio mágico do Sol,
quando canta com pássaros,
e a Lua guia os nossos barcos por entre as luzes suspensas no céu.
Se nos tivesses dito.
O quanto livres podem ser os pensamentos quando sonhados.
Acordando-te...

 
Poema de Olga Florência