quinta-feira, 9 de maio de 2013

Dia Internacional dos Museus

Instituído o Dia internacional dos Museus, pelo Conselho Internacional de Museus, e segundo este organismo os mesmos são definidos como "uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade".

Pese embora este dia ter sido apenas instituído em 1977, os museus, tal como hoje os conhecemos, surgem no séc. XVII, apesar da origem clássica da palavra museu, remeter para a Grécia Clássica. A criação dos museus como locais de preservação de objetos com finalidade cultural é muito mais antiga sabendo-se, que deriva do humano hábito do colecionismo que remonta, como o demonstram achados arqueológicos, ao paleolítico. O Homem desde sempre teve essa estranha necessidade de colecionar objectos, de preservar as suas memórias particulares desde a Antiguidade. Muito semelhante ao hábito actual de preservar lembranças como registos de imagem ou áudio e objetos que nos remetem a momentos que se pretendem perpetuar na memória.

Na Grécia os Museus surgem como templos dedicados às Musas, divindades que presidiam às artes, à oratória, à astronomia e às ciências, entre outras divindades, e a quem eram feitas oferendas exóticas e/ou preciosas que poderiam ser vistas mediante o pagamento de uma taxa. 
No oriente, onde o culto à personalidade quer de Imperadores, quer de Heróis de guerra, era forte, objectos históricos foram colecionados como forma de preservação da memória futura e dos feitos gloriosos desses personagens. 
Da Antiguidade o mais famoso museu, do qual há registo, foi o de Alexandria, por volta do Séc. III a.C., onde se podiam encontrar estátuas de filósofos conceituados, instrumentos de astronomia, medicina e inclusive um parque zoo botânico. Embora fosse inicialmente uma academia de filosofia, mais tarde incorporou uma colossal coleção de obras escritas, convertendo-se na célebre Biblioteca de Alexandria. 
Na Idade Média, o conceito quase desapareceu, embora se continuasse a colecionar sendo que, os acervos de preciosidades eram considerados património de reserva a ser convertido em divisas, e no caso de necessidade, para financiamento de guerras ou outras actividades estatais. Já no caso da Igreja, formaram-se outras colecções com objectos de cariz religioso, acumulando-se em catedrais e mosteiros, quantidades de relíquias de santos, iluminuras manuscritas e aparatos litúrgicos em metais e pedras preciosas. Com o Renascimento ressurge o colecionismo através da burguesia em ascensão tendo alguns se tornado célebres pela magnificência dos seus acervos, como os Medici em Florença. Reis e nobres de toda a Europa seguiram-lhes o exemplo dando uma nova vida ao colecionismo.

Entre os séculos XVI e XVII, com a expansão marítima e do conhecimento do mundo formam-se na Europa inúmeras coleções de curiosidades relevantemente, heterogéneas, com peças das mais variadas naturezas e procedências, incluindo fósseis, esqueletos, animais empalhados, minerais, curiosidades, aberrações da natureza, miniaturas, objetos exóticos de países distantes, obras de arte, máquinas e inventos, e toda a sorte de objetos raros e maravilhosos. Tais coleções tiveram papel importante na evolução e investigação, em particular ao longo do século XVII. Na mesma época proliferaram as galerias particulares palacianas, dedicadas à exposição de esculturas e pinturas. Mas tanto as coleções como as galerias eram ainda restritas aos círculos privados. Movida por interesses científicos foram fundadas inúmeras sociedades e instituições, como os Jardins Botânicos de Pisa, a Real Sociedade em Londres e a Academia de Ciências de Paris, possuindo colecções próprias. 
É no seguimento dessa tendência que em 1671, é criado o primeiro museu universitário em Basileia e em Londres, em 1683, é criado pela Universidade de Oxford, aquele que é considerado o primeiro museu moderno, com objectivo de educar o público, onde, anos mais tarde, o espírito enciclopédico dos Iluministas difunde a associação do conhecimento com a razão, a ordem e a moral, favorecendo a formação de acervos sistemáticos e a atuação de instituições culturais com objetivos educativos e públicos.

No século XIX o museu continua a sua evolução ao alargar-se a novas categorias e temas, e progressivamente deixando o simples colecionismo para realçar a exposição e catalogação rigorosa e sistemática, tendência surgida na Alemanha e Suíça onde se iniciam em experimentação, exibições sistematizadas abrangendo vastos períodos históricos, possibilitando ao público percorrer roteiros que ofereciam panoramas de toda a história e cultura da humanidade, ao mesmo tempo que reservavam seções para apresentação das mais recentes conquistas da ciência e tecnologia. 
O museu também teve papel preponderante na tendência nacionalista romântica dando assim o seu contributo para a consciencialização popular e edificação das identidades nacionais, acervando objectos ligados ao património cultural dos países. Pelos mesmos motivos surgem uma profusão de museus regionais e locais, voltados para os interesses de pequenas áreas geográficas. 
Com a perene expansão das colecções logo se tornou necessária a fundação de museus especializados em determinadas áreas do conhecimento, como o Museu da Ciência de Londres e o Museu Tecnológico em Viena.

A definição do que é um museu é complexa e permanece envolta em grande controvérsia, várias são as definições, mas pela voz de pensadores independentes o museu assume hoje dimensões extremamente variadas e abrangentes. Walter Benjamin acreditava que os museus são "espaços que suscitam sonhos"; André Malrauzx, por seu lado, defendia que os museus são locais que "proporcionam a mais elevada ideia do homem". Já outros teóricos enfatizam as múltiplas capacidades e possibilidades dos museus para um enriquecimento geral no conhecimento, na qualidade de vida, na formação da consciência política e social da população, entre uma infinidade de outros benefícios. Com o surgimento da internet e do avanço tecnológico, o museu pôde inclusive se catapultar para o ciberespaço e realidade virtual pelo que se debate já o conceito de "Museu do Futuro". 
A criação e manutenção de um acervo museológico é uma tarefa trabalhosa, dispendiosa, complexa e ainda em processo de estudo e aperfeiçoamento. O acervo representa o núcleo vital de todo museu, e em torno do qual giram todas as suas outras actividades. É gerido por um Curador, ou por uma equipe de curadores, que tem a função de manter organizada e em bom estado a colecção nos seus depósitos, define e organiza as exposições, e supervisiona as atividades de documentação e pesquisa teórica sobre a coleção a fim de produzir novo conhecimento. Tem ainda, um papel decisivo na aquisição de peças e responsabilidade pela gestão do acervo.

Em Portugal várias são as iniciativas que se associam ao dia Internacional dos Museus pelo que existe, inclusive, um catálogo, a que pode aceder na internet. São muitas as ofertas por todo o país em alguns as entradas são livres, pelo que é uma oportunidade a não perder. Como dizia o Poeta, “Viajar é alargar os horizontes da alma”, uma ida ao museu é viajar no tempo, espaço e cultura… Viaje, vá ao Museu!
 
Autor: Anabela Vicente

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