“E a alma Maubere acordou...”
Esteve aferrolhada em Salemba,
No rosto das viúvas,
No olhar das crianças,
No silêncio dos trilhos,
Nos cumes de Ramelau,
Nas lágrimas não caídas,
No cemitério de Santa Cruz,
Nos assassínios em massa,
Na destruição dos lares,
No crocodilo que atravessou oceanos
e silenciosamente olhou os poderosos...
Mas o sol nascia todas as manhãs
Tocando as asas dos Loricos,
Tocando os bambús, tocando os cafezais,
Tocando o coração dos resistentes
Como uma oração muda
Que silenciosamente ficava
Nas máquinas dos fotógrafos.
Nas montanhas os bravos resistiam;
Os sonhos dos mártires povoavam-nas:
Nicolau Lobato – Presente!
Espírito Santo – Presente!
Borja da Costa – Presente!
Konis Santana – Presente!
E um a um respondiam à chamada
Do impossível que estava ali à mão,
E o caos do silêncio aumentou,
Espalhou-se pelas nuvens, pelos ventos,
Que atravessaram continentes
E tocaram o silêncio cobarde de outros homens.
O mundo acordou a olhar o crocodilo
Que trazia nele o sonho dos Bravos:
Resistir é Vencer. A Pátria é Hoje e Sempre.
Autor: Jónatas
Massacre de Santa Cruz foi há 20 anos - a Justiça continua por fazer!
A 12 de novembro de 1991 mais de 2.000 pessoas reuniram-se numa marcha até ao cemitério de Santa Cruz, em Díli, para prestarem homenagem ao jovem Sebastião Gomes, morto em Outubro desse ano por elementos ligados às forças indonésias.
No cemitério, militares indonésias abriram fogo sobre a multidão.
Segundo números do Comité 12 de Novembro, 2.261 pessoas participaram na manifestação, 74 foram identificadas como tendo morrido no local e 127 morreram nos dias seguintes no hospital militar ou em resultado da perseguição das forças ocupantes.
201 pessoas foram massacradas.
A maior parte dos corpos continua em parte incerta!