quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A um deus desconhecido


Se nos tivesses dito.
Que a espuma que o mar traz, é igual ao silêncio mágico do Sol,
quando canta com pássaros,
e a Lua guia os nossos barcos por entre as luzes suspensas no céu.

Se nos tivesses dito.
O quanto livres podem ser os pensamentos quando sonhados.
Acordando-te.
Tu que desconheces as incertezas.
Dos caminhos que não conseguimos percorrer.
Desconheces a esperança escondida nas palavras amargas,
com que fustigamos as pedras dos altares
em nossas desesperadas preces.

 Adoçamos a escuridão com o fogo crepitante na noite amada.
Com aromas de verbena e madressilva.
E quando acendemos a candeia sobre a mesa dos nossos nadas.
O rosto das crianças têm o chilrear das andorinhas.
O claro som das fontes.
Porque não sabem.
Não sabem que o linho,
fere os dedos e o peito antes de alvo e fino.

Se nos tivesses dito.
O que não disseste!

 A Dourada medida da nossa mão.
Quando ela se ergue entre os labirintos da memória.
 Avivando o que não sabemos lembrar.

A mesma que plantou uma Rosa feita de vento, nas encruzilhadas do tempo.
Onde navegamos confiantes á procura de nós.
Num rasgo de qualquer coisa por dentro da alma.

Se nos tivesses dito!
Que és feito do sopro da nossa voz.
Dos contornos da nossa carne.
Da inflamada paixão dos nossos corpos quando amamos.

Ainda assim.
Queremos acreditar,
Na impossível surdez dos teus ouvidos,
Na improvável loucura da tua existência.

Autor: O. Florência

3 comentários:

  1. Abençoada a mão que escreveu estas palavras. Tenhamos esperança no futuro, pois ainda existem mentes brilhantes.

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  2. Tenho tido alguma dificuldade em fazer comentários no vosso Blog que considero muito bom e que venho acompanhando algum tempo.

    Gostaria que vos dizer que o poema - a um deus desconhecido - é um poema brilhante, que de tão cheio de força e vida, não tenho forma de o descrever por outras palavras.

    Parabéns ao vosso Blog!

    Cumprimentos
    Jorge Castro

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  3. Este poema exige uma profunda reflexão

    Obrigado

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