terça-feira, 18 de setembro de 2012

Calou-se a maior voz do fado de Coimbra

O cantor Luiz Goes, de 79 anos, uma das referências da canção de Coimbra, morreu esta terça-feira em Mafra.
Nascido em 1933, em Coimbra, Luiz Fernando de Sousa Pires de Goes licenciou-se em Medicina, tendo exercido a profissão de médico dentista em paralelo com a carreira artística.
Iniciou-se no fado por influência do tio paterno, Armando Goes, contemporâneo de Edmundo Bettencourt, António Menano, Lucas Junot, Paradela de Oliveira, Almeida d'Eça e Artur Paredes.

Manuel Alegre Portugal recordou que Luiz Goes «foi padrinho musical de Adriano Correia de Oliveira e José Afonso». Referiu ainda que Luiz Goes gravou na década de 1950 com os músicos Carlos Paredes, João Bagão e António Portugal o álbum «Serenata de Coimbra» que «é ainda hoje o disco português mais vendido».
O músico recordou que «na altura o Luiz Goes recusou um milionário contrato da gravadora Philips porque queria acabar o curso».

«O Luiz Goes representa para a música de Coimbra o que Amália Rodrigues representa para a música portuguesa», rematou Manuel Alegre Portugal.

O músico Rui Pato considerou que a morte do cantor Luís Goes deixa a canção de Coimbra de luto, pois era a melhor voz e o melhor intérprete dos últimos 50 ou 60 anos.
«É uma grande perda, era um grande poeta, um grande músico e um grande homem», sublinhou Rui Pato, acompanhante de vários destacados intérpretes da canção de Coimbra, entre eles o trovador José Afonso.
Recordou ainda «o grande amigo» e o homem, empenhado na cidadania e nos valores democráticos.
«Morreu a voz que simbolizava o Fado de Coimbra. É uma grande perda. Coimbra está de luto», acentuou.

Como autor, Luiz Goes assinou 25 fados e 18 baladas, dos quais se destacam «Fado da Despedida», «Toada Beira», «Balada da Distância», «Canção do Regresso», «Homem Só», «Meu Irmão», «Romagem à Lapa» e «É Preciso Acreditar», entre muitos outros.

Em 2002, assinalando os 50 anos da sua primeira gravação a discográfica EMI-Valentim de Carvalho reuniu a obra integral numa edição intitulada «Canções Para Quem Vier».


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