quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A Morte do Poeta

E-Pistola do Poeta enquanto Peixe
Flirt impossível. Carta em correio azul. Correspondência sem correspondente. Um peixe perdido no mar de um olhar, um olhar romance; histórias que não aconteceram. Como peixe apenas queria uma morada, um mar visível na invisibilidade visível de ficar, um habitáculo para poetas. Os poetas também eles são invisíveis, só existem antes da escrita; depois morrem e renascem, tal Fénix renascida nas palavras. Um peixe dentro de um olhar era o que estava falando, vê o que o olhar vê, sente o que o olhar sente e está, é não poeta por que o peixe não escreve: nada. Nada é negação absoluta, tudo é possível enquanto poeta, mesmo um flirt impossível. O mundo existe enquanto o poeta-peixe nada, naquele olhar-mar amante do Mundo, pelo qual o poeta enquanto peixe vê, sente, ouve, respira e não poderá sobreviver enquanto peixe sem aquele mar-mundo de amar o mundo da sua existência. Se o tiram, se o negam, a sua existência perde duas das suas qualidades: a de poeta e a de peixe; torna-se invisível como as guerras, os ciganos, os negros, os desempregados e os ofícios correlativos, na existência da humanidade.
Ser um peixe-flirt e nadar sem horizontes de praia. Praia-mar impossível de criar, há falta de Deus. Ofício de Deus não é coisa de poetas, as epístolas sim.
Por isso a morte do peixe.
Por isso a morte do poeta.

Ai Senhora que fazer?
Se sou peixe, sou poeta
E nado no vosso olhar,
Se recordo o vosso sonho,
Se sonho no seu sonhar,
Se respiro seu respirar,
Ai senhora que fazer?
Ao acordar deste sonho
Como peixe vou morrer,
Por não ter onde nadar;
Como poeta morrer morro,
Por não ter com que sonhar,
Ai Senhora que fazer?

Autor: Herculano

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